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O alto endividamento das famílias americanas já provocou crises na economia do país. A facilidade de crédito permitiu os milionários prejuízos dos bancos com as hipotecas imobiliárias em 2008, provocando uma crise nos mercados internacionais. Hoje, o endividamento é o maior da história, mas com baixa inadimplência. Mas neste patamar, qualquer contratempo que aumente o desemprego, por exemplo, pode ser fatal para bancos e cartões de crédito. A dívida pública dos EUA não para de crescer e a China é maior detentora dos títulos do tesouro americano. A economia americana é refém da China, que divide a liderança da economia mundial.
Os países da União Europeia apresentam endividamento grande, tornando vulneráveis os bancos. Nenhum sinal de austeridade nos orçamentos, controle da dívida e despesas de pessoal menores. Pelo contrário, os governos populistas ou de esquerda gastam. Trabalhar mais para produzir mais nem pensar. Pelo contrário, a proposta do momento é aumentar os dias de descanso, quando se gasta mais. A lucratividade das empresas anda caindo. E a carteira dos bancos, sob suspeição.
Na América Latina, os países que vêm optando pelo modelo venezuelano enfrentam dificuldades econômicas, sociais e políticas. Argentina derrete, Chile vê seu jovem presidente com a mais baixa popularidade depois do regime Pinochet, a Colômbia, de economia robusta, vive ainda um bom momento, mas os impostos aumentaram e os juros estão parecidos com os do Brasil. Venezuela melhorou um pouco, com a entrega de sua produção petrolífera aos chineses, desde que a maioria dos técnicos da estatal saíram do país nos últimos anos. Argentina está com inflação superior a 100%, câmbio, descontrolado e não se sabe como vai chegar às eleições de outubro. O presidente Fernández já anunciou que não vai concorrer a um novo mandato. A tendência no Peru é a crise se arrastar mais algum tempo e ter dificuldades para rolar sua dívida. O FMI já foi muito paciente com os sul-americanos. O México patina, deve crescer este ano 1% e tem problemas de inflação e juros altos também.
O gigante Brasil, com uma economia pujante, maior produtor e exportador de produtos agrícolas, como soja, café, açúcar, carne suína, bovina e avícola, bem nas frutas tropicais, enfrenta invasões de propriedades e os altos custos na logística. O governo não vai mais privatizar portos, o que pode prejudicar o escoamento da produção por navios de maior porte. A indústria vem caindo e os esforços anunciados do atual governo brigam com as leis laborais que inibem novos empregos, temores de mais impostos e de retração no mercado. O que funciona depende muito da exportação. O fantasma da inflação ronda, pelos juros altos, gastos públicos, endividamento do governo e das famílias. Estas devem cerca de 78% da renda, segundo pesquisa da Confederação do Comércio. O turismo encontra dificuldade para deslanchar no mercado internacional pelos preços, a questão da segurança pública e a falta de voos. O turismo interno é que tem crescido. O governo Lula agride ostensivamente o mundo empresarial ao condenar privatizações, criticar a autonomia do Banco Central, criar uma proposta de controle fiscal e orçamentário muito frágil e não cuidar de controlar a dívida. O país ainda vive do que foi plantado no governo anterior. Poucos acreditam que, apesar das reservas internacionais e do saldo no comércio enorme, um dos três maiores do mundo –, pode ter dificuldades em função da dívida.
Os próximos dois ou três anos devem ser marcados pela crise da dívida dos países emergentes e da União Europeia.
Todo cuidado será pouco!
Publicado em: Jornal O Diabo.pt 13/05/23