Curioso que, ainda que o atual governo procure, isolar os militares, mesmo os da reserva, de funções públicas, a posse no Congresso Nacional e nas assembleias estaduais registram forte presença deles pelo voto popular. Mas não se trata de novidade. Faz parte da tradição política o apreço do povo brasileiro pelos seus militares, expresso em votos.
O Rio, antigo Distrito Federal e Estado da Guanabara, sempre votou em militares, especialmente nos anos 1950 e 1960. Os senadores eleitos nos anos 1950 foram os generais Napoleão de Alencastro Guimarães, Caiado de Castro – um monumento de coerência e correção –, Gilberto Marinho, admirado, reeleito e que chegou a presidir o Senado. O antigo Estado do Rio teve no Almirante Amaral Peixoto seu líder maior, como governador e senador, assim como Paulo Torres, que ocupou os mesmos cargos.
As bancadas eram ricas em militares. O Rio tinha deputados estaduais, como Danilo Nunes, Augusto Amaral Peixoto, Gerson de Pina, Ardovino Barbosa, e federais, como Mendes de Morais, Menezes Cortes, Juarez Távora, Amaury Kruel e Osnelli Martinelli, entre outros.
Nas eleições presidenciais, tivemos dois eleitos diretamente, Hermes da Fonseca e Eurico Dutra. E, chegando em segundo lugar, o Brigadeiro Eduardo Gomes, em 1945 e 1950, Juarez Távora, em 1955, e Henrique Lott, em 1960. E mais: talvez o mais popular dos presidentes, e com invejável obra desenvolvimentista, tenha sido o General Emílio Médici.
Não tem sentido esse revanchismo barato. Nossos grandes ministros foram militares, como César Cals, Mário Andreazza, Rubem Ludwig e Jarbas Passarinho, assim como governadores eleitos – Ney Braga, no Paraná, e Juracy Magalhães, na Bahia.
Essa turma da bagunça, da indisciplina e da corrupção tem é medo dos militares pela alta estima que desfrutam no povo brasileiro, desde sempre, pois o estadista do Império, general e senador o Duque de Caxias, foi diversas vezes ministro e chefe do governo.
Só para refrescar a memória!
Publicado em: Jornal Correio da Manhã 01/03/23