Brasil no mato sem cachorro

A expressão popular de desamparo se aplica ao delicado momento político brasileiro Lula da Silva saiu do desgaste da prisão e dos escândalos de corrupção e volta ao poder pela sequência de trapalhadas do presidente Bolsonaro, um despreparado que fez bom governo, mas não aprendeu a se comportar e a se relacionar.

Viveu agora uma semana difícil ao não se ater a formar com os países que condenaram o Hamas, pois aproveitou para pedir o estado palestino, que não está em jogo. No campo interno, cria ambiente de suspeição quanto aos gastos exagerados e ao ambiente quase hostil ao investimento privado. A conta pode chegar.

Lula, porém, continua com sorte, pois a oposição não tem uma liderança que não a do desgastado e acuado Bolsonaro. O nome mais forte seria o de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, que, sem experiência política, tem de administrar a região que representa cerca de 40% da economia do país. A mídia começa a crescer nas críticas, mas não existe ainda uma voz que interprete o descontentamento da sociedade.

VARIEDADES

· A Aena, operadora de aeroportos espanhola, assume este mês o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o de maior movimento no Brasil. Em cinco anos, o espaço estará modernizado e ampliado.

· Cresce na programação da Globo o remake de novelas antigas. As exibidas até aqui têm tido audiência superior ao previsto.

· A WEG, multinacional brasileira de motores elétricos, adquiriu por 400 milhões de dólares a Regal Rexnord, de redutores e geradores presente em dez países. Consolida a posição da empresa de segunda maior de motores elétricos do mundo.

· Desgaste do governo Lula com a revelação que a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, usou um avião do governo para assistir ao jogo do Flamengo em São Paulo.

· Livraria Saraiva fechou suas últimas seis lojas. A falência, foi decretada.

· A morte de sua secretária particular por 40 anos, Carminha Silva, revela mais ainda a personalidade generosa de Roberto Carlos. A colaboradora e amiga estava com Alzheimer há dez anos e morava no mesmo imóvel do cantor, em outro piso, e com todos os cuidados este tempo todo. Um gigante como figura humana!

· Academia Brasileira de Letras afinal elegeu o índio e não a historiadora de mais de trinta livros.

· O mercado financeiro está perplexo com o movimento para que o Banco do Brasil seja processado por ter financiado, na década de 1850, negócios de compra e venda de escravos. As ações do banco são negociadas em bolsa.

· Polêmica no Ceará sobre o local de uma usina de dessalinização da água do mar. É que o local previsto fica a 500 metros do cabo que representa 90% do movimento de Internet e telefonia entre o Brasil e o resto do mundo. O cabo liga Tires, em Portugal, a Fortaleza.

· E, conforme previsto aqui, os estudos sobre reservas de petróleo na costa do Amapá vão ser aprovados. A ministra Marina Silva ou aceita ou deixa o governo.

· Diante do apoio de Putin a entrada do Brasil no Conselho de Segurança aumentado parece que deixou claro para EUA, França e Inglaterra qual é o lado do Brasil de Lula da Silva.

· A repercussão positiva em Portugal, com forte presença popular e na mídia, do casamento da Infanta Maria Francisca, animou a Família Imperial brasileira presente no evento.

Publicado em: Semanario Sol.pt 15/10/23