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Boa parte dos embaixadores do Brasil em Lisboa eram intelectuais ou ligados à cultura de alguma forma. Casos de Heitor Lira, grande biógrafo de Pedro II, Dário Castro Alves, estudioso de Eça e marido de Dinah Silveira de Queiroz, Álvaro Lins, polêmico crítico literário, professor Gama e Silva, notável jurista, Alberto Costa e Silva, acadêmico e grande africanista. João Neves da Fontoura foi membro correspondente da Academia de Ciências de Lisboa, membro da ABL e político de importância, tendo sido ministro dos Negócios Estrangeiros por duas vezes. Otto Lara Resende, jornalista e escritor, foi adido cultural em Lisboa a convite do presidente Costa e Silva. E o mais importante, talvez, José Aparecido de Oliveira, criador da CPLP e ministro da Cultura do Brasil.
Quando do período militar, alguns jornalistas de esquerda optaram pelo lugar de correspondentes em Lisboa, como os casos de Alberto Dines e Hermano Alves.
Agora Lisboa passou a ser destino habitual de notáveis do mundo cultural, alguns até com estadias prolongadas. Há dois anos, a acadêmica Nélida Piñon acabou falecendo em mais uma longa temporada. Nelson Motta, jornalista, escritor, produtor musical e compositor, há muitos anos divide seu tempo entre o Rio e Lisboa. No Estoril, o ator Pedro Cardoso e, em Cascais, a atriz Luana Piovanni. Fernanda Torres, sempre que pode, está em Lisboa. Marcello Antony é outro residente.
Grande musicólogo brasileiro e escritor, Silvio Lago há anos está radicado em Lisboa, onde tem publicado seus livros e com residência fixa e família portuguesa, o professor Ibsen Noronha, que, além de jurista, é historiador de excelência.
Antônio Grassi, residindo em Lisboa, é um intelectual com passagem pela direção de instituições culturais públicas e privadas de referência no Brasil. Presidiu o complexo de Inhotim, considerado o maior centro de arte ao ar livre do mundo, nas imediações de Belo Horizonte. Foi secretário de Cultura no Rio, diretor do Teatro Municipal do Rio, presidente da Fundação Nacional da Arte, do governo federal. Cineasta, ator e autor, tem paixão por Lisboa. Outro nome ligado a Inhotim, Adriana Varejão, um dos três mais importantes nomes das artes plásticas no Brasil e de presença internacional, é outra convertida aos encantos lisboetas. Inhotim é contemporâneo e semelhante a Serralves.
Antes, o sociólogo maior, Gilberto Freyre, não só teve encantos ao longo da vida com Portugal, como realizou viagem a todos os estados ultramarinos em 1952, que reuniu em livro impressionante pela sensibilidade na compreensão do papel de Portugal naqueles territórios. O ilustre pernambucano tem como seguidor outra presença contemporânea em Lisboa, o acadêmico José Paulo Cavalcanti, que é membro da Academia de Ciências de Lisboa, reconhecido como um dos maiores conhecedores de Fernando Pessoa, de quem tem consagrada biografia.
Publicado em: jornal Diabo.pt 13/04/24