As polêmicas que cercam o padre Júlio Lancellotti, ícone maior da esquerda católica, chama atenção para o ressurgimento de setores esquerdistas da Igreja no Brasil, com nova roupagem que não a da condenada por João Paulo II, Teologia da Libertação, que ele desmontou em seu papado.
O padre Júlio Lancellotti é um militante político d esquerda, com ligações fortes e públicas com o presidente Lula da Silva e seus ministros. Neste momento, está envolvido na eleição para presidente da Câmara – Prefeito de São Paulo- o deputado Guilherme Boulos, do PSOL, partido formado pela dissidência mais à esquerda do partido de Lula da Silva, o PT. Mas conta com o apoio do PT e do próprio presidente Lula, que atuou diretamente no convite para a ex-prefeita Marta Suplicy ser a vice de Boulos, indicada pelo PT.
Há semanas, o padre voltou a ser acusado de abuso sexual de menores, com base em gravações de vídeo de conteúdo pornográfico. O material passou por vários peritos que confirmaram sua autenticidade. Não foi, entretanto, uma acusação isolada.
Os vereadores de São Paulo resolveram investigar o trabalho de Lancellotti com a população de rua da cidade e despertou uma forte pressão da mídia esquerdista e do próprio governo central, a ponto da comissão solicitada por mais de 20 vereadores não ter sido instalada e alguns dos signatários ter retirado suas assinaturas.
O padre é pároco no bairro de classe média da Mooca e, ao promover uma manifestação pelos moradores de rua, provocou forte reação dos habitantes, que sofrem com a ação predatória deste grupo em roubos, furtos, ocupação irregular de calçadas e importunação.
A Arquidiocese de São Paulo está sob cerco dos grupos esquerdistas para não seguir adiante o exame das peças acusatórias que foram levadas ao Cardeal, com os referidos laudos de autenticidade. Como pode se verificar na internet, o padre não usa dos sinais visíveis sacerdotais previstos no Código Canônico que não em celebrações religiosas.
Quando da eleição presidencial, alguns bispos, como D. Mauro Morelli e mesmo o Cardeal de Aparecida, D. Orlando Brandes, mostraram claro apoio à candidatura de Lula da Silva.
Esta movimentação, que faz a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil voltar ao protagonismo político teria alguma cobertura no Vaticano e até na Nunciatura, em Brasília. O Papa Francisco chegou a declarar numa das audiências dada a Lula da Silva que ele “havia sido inocentado de acusações que o levaram a prisão”. Na verdade, Lula não foi inocentado, mas teve condenações anuladas e depois prescritas por idade, sem julgamento de mérito.
Neste 60 anos do movimento de 64, a atuação da Igreja na ocasião tem sido abordada em livros e reportagens. Naquela altura, os cardeais brasileiros, que eram cinco, tinham quatro na linha de apoio aos militares. Mas algumas ordens, como os Dominicanos de São Paulo, chegaram ao extremo no envolvimento ideológico de abrigarem no convento militantes procurados pelas autoridades e mesmo alguns religiosos participaram de atos de violência.
A eleição municipal de São Paulo pode trazer de volta as acusações a Lancellotti. Mas curiosamente todas as manifestações de Lula da Silva e dos ministros louvam o padre, mas não se referem às acusações.
Publicado em: Jornal Diabo.pt 29/03/24