O parto dos vices que disputarão a próxima eleição foi mesmo nos últimos minutos do segundo tempo, como diria um comentarista esportivo. No Brasil, nove assumiram e outros tantos tiveram passagens interinas pela presidência em diferentes crises.
A República começou logo com o primeiro presidente, Marechal Deodoro da Fonseca, sendo substituído pelo vice, Floriano Peixoto. Este, aliás, curiosamente governou e assinou todos os atos como vice-presidente, quando o correto é que tenha sido como presidente e, no caso de interinidade, como presidente em exercício.
Dez anos depois, assumiu, Nilo Peçanha, seguido de outro, Delfim Moreira. Em ambos os casos, o motivo foi o falecimento dos titulares.
Getúlio Vargas, na primeira passagem pela Presidência, por quinze anos, não teve vice, não viajou e não foi substituído. Ao ser deposto, em 1945, o cargo passou ao presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares, até a eleição ocorrida meses depois. No entanto, no segundo mandato, que terminou com seu gesto final do suicídio, foi sucedido pelo seu vice, João Café Filho, que, doente, foi substituído pelo presidente da Câmara, Carlos Luz, deputado por Minas e que não esquentou a cadeira. Dias depois, foi afastado pelo ministro do Exército Marechal Lott e trocado pelo presidente do Senado, Nereu Ramos, que passou o governo para o presidente eleito, JK.
Jango foi vice de JK e reeleito para o cargo quando Jânio Quadros ganhou a eleição. Acabou assumindo com renuncia, mas foi deposto dois anos depois pelo movimento de 1964.
Na mesma época, passou pela Presidência o deputado Ranieri Mazzilli, de São Paulo, que assumiu na renúncia de Jânio, de novo, por poucos dias, até a eleição pelo Congresso do Marechal Castelo Branco.
No período militar, tivemos o vice que não assumiu, o mineiro Pedro Aleixo. Ele era o vice do presidente Costa e Silva, que caiu doente e, depois, veio a falecer.
Na eleição da democratização, indireta, o eleito Tancredo Neves acabou morrendo 40 dias após a data em que deveria ter tomado posse, sendo seu mandato exercido pelo vice, José Sarney. Na primeira eleição direta, o vencedor, Fernando Collor de Mello, veio a sofrer impeachment e foi substituído pelo vice, Itamar Franco.
FHC e Lula tiveram excelentes vices, Marco Maciel e José Alencar. O primeiro, pernambucano e o segundo, mineiro; ambos senadores. Mas não tiveram chance de ocupar o cargo máximo, a não ser por dias.
Agora temos um vice no poder, Michel Temer, em função do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Ou seja, o cargo não é tão decorativo como pode parecer.