O impulso que a economia brasileira teve na segunda metade do século passado, com o surgimento de grandes empresas, contou com a presença de três vertentes de capital. E o pontapé inicial foi dado com o dinheiro público, na criação de empresas estatais que vieram a se colocar entre as mais importantes de suas áreas, a nível internacional.
A primeira foi a Companhia Siderúrgica Nacional, que até hoje é a maior em capacidade instalada no país, privatizada no governo do presidente Itamar Franco, que garantiu o processo de industrialização, incluindo fornecimento para a indústria automobilística e com presença no mercado internacional. Depois, a Vale do Rio Doce, uma das três maiores mineradores de minério de ferro do mundo, criada pelo Estado e privatizada no governo Fernando Henrique, mas no estilo social-democrata, ou seja, com “Golden share”, que garante o mando político dos governos e com a presença de fundo de pensão de estatais no controle, o que é vedado nos países capitalistas como os EUA. . A terceira foi a Petrobras, que exerceu – e, na prática, ainda exerce – o monopólio do petróleo em toda sua extensão.
No setor financeiro, há a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco do Brasil, que têm atividade comercial, com balcões em todo o país. Ambos recebem recursos do governo e pagam salários acima do mercado a seus empregados. Os Correios ainda são monopólio estatal e as loterias são geridas pela CEF. Os setores de energia elétrica e comunicações, hoje, têm o domínio privado, após as vendas feitas no governo de Fernando Henrique.
A segunda vertente é o grupo de grandes empresas formado pelas multinacionais. Estão presentes na indústria automobilística, nos eletrodomésticos, na alimentação, indústria farmacêutica, na comercialização dos grãos e até no café, dominando, atualmente, a torrefação.
A terceira se refere a capitais nacionais. Há poucas empresas com a terceira geração no comando dos negócios, fruto da incrível mobilidade social no Brasil, em que as grandes fortunas nasceram do zero. Este grupo é dominado por imigrantes e seus descendente de três origens, principalmente. Portugueses, nas redes de supermercados, grande parte de restaurantes e bares, na importação de produtos como bacalhau, azeite, vinhos, produtos de grande consumo (o Brasil é o maior consumidor de bacalhau do mundo) e no transporte rodoviário de passageiros – o maior do país é o Grupo Jacob Barata, imigrante português e presente em Portugal na hotelaria e nos transportes públicos.
Outra presença expressiva é a de membros da comunidade israelita. Nesta, exemplo maior é a Klabin, indústria de papel e celulose, maior plantadora de pinus do mundo, na banca com o Banco Safra, no setor de comunicação e editorial, com o Grupo RBS, do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na editora Companhia das Letras, na liderança têxtil com Vicunha-Steinbruch, no imobiliário no Rio e em São Paulo. No comércio e lapidação de joias, a partir da internacional H. Stern. Os sírio-libaneses formam outro grupo forte na atividade empresarial, com destaque em São Paulo.
As empresas de brasileiros estão mais no mercado financeiro em geral, agronegócio, setor sucroalcooleiro, transportes, aviação, concessões rodoviárias, distribuição. Temos gigantes como Friboi, a maior do mundo de carnes, e Sadia-Perdigão, com mais de 300 produtos. E, claro, a maior cervejaria do mundo, a AMBEV.
Este impulso se iniciou no governo JK e acelerado no período militar, em que o Brasil era a quadragésima sexta economia e no período passou a oitava e hoje é a décima.
As próximas eleições definirão o futuro dessa economia.