O setor de cultura no governo do Estado do Rio de Janeiro apresenta excelentes resultados, tem eficiência e, ao contrário do que costuma ocorrer no setor, sem interferências políticas, ideológicas, minorias ou maiorias. Trata-se de bem gerir os patrimônios ligados à máquina pública, na Secretaria de Cultura, promover acesso da população às diferentes áreas, nas artes, no teatro, na música, no cinema.
O governador Cláudio Castro foi buscar no que existe de melhor nos quadros do estado, funcionário de 40 anos de experiencia, competente, discreto, José Roberto Gifford o dirigente da Funarj. E os resultados têm sido expressivos.
O braço executivo na área dos museus está entregue a Douglas Fasolato, referência nacional pela gestão marcante no Museu Mariano Procópio, de Juiz de Fora, que fez um dos mais visitados do país. Douglas é homem de muita cultura, historiador e pesquisador, mas, sobretudo, um homem de ação e pragmático.
Dois projetos atuais mostram a dimensão do trabalho do Estado em setor tão sensível. A restauração de dois painéis gigantescos de Di Cavalcanti, no Teatro João Caetano, obras ligadas à Semana da Arte Moderna, mandados fazer em 1930 pelo prefeito Prado Júnior. Um restauro histórico, envolvendo mais de dez profissionais de primeira linha. Vai dar nova vida ao polo histórico e turístico da área, que já tem o Real Gabinete Português de Leitura, as igrejas, inclusive aquela diante da qual Tiradentes foi enforcado, a praça que abriga a estátua de Pedro I. Os trabalhos têm sido visitados por personalidades ligadas a Belas Artes dos demais estados e até países.
O outro projeto, que pode se tornar exemplar, é a obtenção da guarda da coleção de arte do antigo Banco do Estado, composta de 135 obras de referência, atualmente em exposição em Belo Horizonte, já com visitantes aos milhares e, depois, deve circular pelo país. Cultura é, de certa forma, divulgação do turismo, que no Rio não são só praias, mas museus, artes e espetáculos.
Gifford tem uma história ligada ao cinema que pode trazer neste novo mandato de Cláudio Castro algo de relevante. O Rio foi o berço do cinema nacional, com as salas de exibição pioneiras, a Cinelândia de Francisco Serrador a São Luiz, produtora do Grupo Luiz Severiano, o maior do país desde sempre, e todo o Cinema Novo, que nasceu aqui sob o patrocínio de José Luiz de Magalhães Lins, o pioneiro no reconhecimento da cultura como dever social do setor financeiro.
A coleção Banerj tem de ficar no Rio, sob a guarda da Funarj, exposta nos museus do Rio e de Niterói. E talvez até com patrocínio privado para sua manutenção e segurança.
Fazer cultura sem política é a melhor forma de fazer cultura. Por este perfil sábio é que temos um governador reeleito em primeiro turno.
Publicado em: Correio da Manhã 25 11 22