Urge uma postura firme da Prefeitura e do Estado em favor do centro do Rio. Esta semana a volta do Tribunal de Justiça vai melhorar, mas o número de lojas fechadas impressiona, choca. A Uruguaiana, a mais tradicional do comércio, virou um deserto chocante. A Prefeitura imóvel na prática.
A possível volta dos bingos poderia, nos primeiros meses, estar limitada às casas do centro que funcionavam antes do absurdo da proibição, que retirou milhares de empregos em todo o Brasil – estima-se em cem mil, no total. A ocupação de imóveis da União, como os antigos ministérios da Educação e da Fazenda, poderia ser acelerada. As obras do Palácio Gustavo Capanema, obra simbólica da arte moderna na cidade e no país, está em intermináveis obras e a venda, oportuna, foi bloqueada “em nome da cultura”. Ora, nunca se protestou pelo abandono e degradação do monumento e não querem que o privado assuma e o conserve. Imagine-se os escritórios do grupo Itaú instalados ali e o seu centro cultural, com exposições e acervo de arte moderna e contemporânea. E no Ministério da Fazenda, também em intermináveis obras, concentrar as operações de câmbio, contas externas, dentro das novas orientações do Banco Central, incluindo agências para abrigarem estas contas da rede privada. O complexo da Santa Casa, em crise e praticamente desocupado, poderia ser aproveitado para um centro de estudos de medicina, alargando as vagas na UFRJ, sediando pós-graduação, cursos de uso de equipamentos digitais na área, cursos de enfermagem de que carecemos.
O mês de agosto, baixa estação do turismo interno, poderia ter um calendário de eventos desportivos – tênis, vôlei, futebol de praia – e de música, nas excelentes casas que a cidade possui. O Rio, no tempo de Negrão de Lima, então Guanabara, já teve festivais relevantes de música e de cinema. Algumas medidas para facilitar patrocínios e sugestões para o trade do setor podem ser apresentadas às autoridades competentes nos três níveis.
Uma boa conversa do poder público com grandes empresas que possuam verbas publicitárias poderia ainda pautar o Teatro Municipal para uma temporada de ópera, ballet e piano em setembro, com atrações internacionais, inclusive. Nada demais pedir à Peugeot-Citroën, que tem fábrica no Estado, para patrocinar uma semana de música clássica no Municipal. Todos sairiam ganhando, desde que as atrações sejam contratadas para o Rio e não prossiga em outras cidades do país. É preciso mais criatividade e pouco dinheiro, pois este anda escasso.
Precisamos de quem tome o comando e coordenação deste tipo de providência de resposta rápida e praticamente sem custo. Mas com vontade política.
Publicado em : Jornal Correio da manhã 18 03 22