O Rio de Janeiro merece no mínimo uma explicação da Prefeitura para sua omissão na ocupação da cidade pela chamada população de rua, gerando um ambiente de insegurança para os moradores e constrangimento aos visitantes.
A situação está grave, mostrando ainda insensibilidade e indiferença da municipalidade em relação ao problema, que é social, humanitário e de segurança pública. Foi noticiado que boa parte desta população porta armas brancas e é apenada. Constatada esta situação, deveria ser natural o recolhimento a estabelecimento prisional. Mas não há nenhuma notícia sobre o assunto.
Suposto se acreditar que a Prefeitura tenha uma área de assistência social, que poderia encaminhar a tratamento, acolher e procurar recuperar aqueles que possam ter acolhimento familiar e até mesmo, se o quiserem, meios de regresso a seus estados de origem. No governo Negrão de Lima, por exemplo, os assistentes sociais encaminhavam pessoas e famílias até a rodoviária, com lanche e uma ajuda de custo para o regresso a suas cidades de origem. Claro que respeitando a livre vontade destas pessoas.
A cidade perdeu o pudor. As calçadas estão ocupadas nas principais ruas e avenidas, do centro, da região turística da zona sul. No momento que o turismo gerador de empregos e consumo vem se recuperando, fica mais difícil entender essa apatia.
Chegou-se ao absurdo da instalação de barracas nos jardins do Flamengo. Além disso, existem placas indicando que a Prefeitura está revitalizando o entorno da estátua do Marechal Deodoro, em frente ao Passeio Público, mas a área há muito está ocupada e oferece um alto risco a distraídos transeuntes.
Uma ação coordenada com o Estado e até mesmo o governo federal e convênios com igrejas poderiam dar início a recuperação da cidade ocupada. No Humaitá, rua Macedo Sobrinho com Rua Humaitá, o sinal em frente à Casa de Saúde São José é ponto de assaltos à mão armada durante o dia. Absurdos que não podem se tornar banais a uma cidade com a nossa cultura, relevância econômica e conhecida internacionalmente.
O mais surpreendente é que, caminhando para dois anos de mandato, o prefeito Eduardo Paes não tenha se ocupado do assunto. Com o anterior Prefeito, seria natural este alheamento, mas o nosso atual prefeito sabe das coisas, como fazer e o que fazer. Certamente terá apoio e colaboração do Estado para uma ação conjunta. Mas a responsabilidade é municipal e cabe a ele a iniciativa. Estas ligações com as esquerdas não fazem ao Prefeito.
Todo o esforço da recuperação econômica do Estado do Rio que ocorre pede como complemento a capital com ambiente acolhedor, em que a ausência da multidão de pedintes nas ruas é fundamental.
O constrangimento da população afeta a simples ida a um supermercado, cujas calçadas estão ocupadas e a abordagem no interior das lojas virou fato corriqueiro.
Função típica da Guarda Municipal garantir ordem nas calçadas e apoio aos seguranças e clientes dos estabelecimentos.
O Rio não merece isso!!!
Publicado em: Jornal Correio da Manhã 31/08/22