O sistema de saúde do Brasil tem sido reconhecido como um dos melhores do mundo no seu formato. E mesmo aqui, entre nós, apesar dos pesares, tem tido um desempenho satisfatório. As reclamações ganham espaços nas diferentes mídias, mas a maioria é bem atendida em todo o país.
O futuro, porém, parece cada vez mais incerto, pois deformações chocantes têm sido contornadas pelo “jeitinho brasileiro”, que inclui diferentes tipos de corrupção. O atendimento é quase que total pela rede privada conveniada, ou estaduais e municipais, entidades filantrópicas, tipo santas casas, ABBR e outras. Muitas querendo deixar de pertencer ao sistema na medida em que os preços da tabela são inaceitáveis. Uma diária hospitalar não chega a 30 reais por leito, com alimentação, lavanderia, médicos, enfermeiras e remédios, incluindo os custos administrativos e físicos de uma unidade hospitalar. Até a fisioterapia tem tabela fora da realidade, afastando os profissionais da área e abrindo mercado para técnicos formados por correspondência ou meio digital.
O que faz o sistema não estar em colapso é a imensa faixa da população atendida pelos planos de saúde privados. Bastaria comparar os preços cobrados pela rede privada aos planos para ver o absurdo dos números do SUS, defasados e impossíveis de serem lucrativos. A retirada do setor privado pode gerar uma crise sem precedentes. As Santas Casas mesmo andam arredias a manter ligações com o SUS, para fugir a prejuízos.
Seria hipocrisia ignorar que a forte presença da esquerda na saúde pública no Brasil não colaboraria com este absurdo, sendo fruto da cultura criticar a presença do setor privado. Muita ideologia e pouca sensibilidade social.
Bom senso e uma transição para a realidade, em dois ou três anos, pode dar ao brasileiro o sonhado atendimento médico desejado. Dinheiro bem gerido ajudaria muito.
O aparelhamento ideológico em entidades relevantes como Instituto do Câncer e o de Traumatologia, são lamentáveis, constrangendo os excelentes profissionais, muitos de sucesso no setor privado.
Publicado em: jornal Correio da Manhã 11/10/24