Desde sempre os homens ligados ao Direito não se limitam às letras jurídicas. São vocações para a cultura em geral, seja na literatura, na arte da política, no amor à arte em geral. No Brasil, temos sido premiados com notáveis como Rui Barbosa, Miguel Reale, Candido Mota Filho, Ives GANDRA, Francisco Campos e Oscar Dias Correia entre tantos outros. Quase todos com passagem pela Academia Brasileira.
Nas novas gerações, tem se repetido esta boa tradição. São estudiosos, de bom texto, interessados em compartilhar o saber acumulado, publicando livros, ensaios, em comunicação com os mais jovens na vida acadêmica.
No Rio de Janeiro, desponta um talentoso professor de Direito, advogado militante e de sucesso em sua banca, que já é considerado um dos maiores estudiosos de Shakespeare e recordista em lvros lidos atentamente. É José Roberto de Castro Neves.
Revela em seu recém-lançado “Caixa de Palavras”, impressionante conhecimento da literatura desde sempre, ao comentar centenas de autores e obras, de todos os tempos e estilos, com rara sensibilidade para interpretar e pescar mensagens singulares em cada um. Um passeio marcante pelo mundo do saber, usufruindo de uma memória enciclopédica.
Na admirável obra, o advogado foi sutil e discreto divulgador da relevância de seus colegas, desde séculos passados aos nossos dias, ao registrar em boa parte dos referidos a condição de advogados, homens da lei, com intensa obra literária sempre atual. Desde os clássicos, as biografias e biógrafos, que muito bem define.
Gilberto Amado gostava de repetir que o homem só conseguia ser feliz quando fazia o que gostava. Cultivar as letras, amar os livros, escrevê-los e agregar leitores a este hábito enriquecedor fazem a felicidade de homens como José Roberto Castro Neves, que ama o que faz, seja como advogado, professor, estudioso, escritor. E com a cobertura da mulher e filhos, que o encantam.
O livro mostra que não é tão difícil e nada penoso acumular tanta leitura, pinçar observações sobre intenções ocultas nos textos, ter o prazer de compartilhar este belo capital.
Merval Pereira abre o livro com o prefácio. Agora pode abrir as portas da Academia a este gigante da cultura, que bem conhece arte na Casa de Machado de Assis, que é o prazer do convívio.
Adorei este passeio pela alta literatura e muito aprender com este fiel e devotado advogado. Obrigado!
Publicado em : Correio da Manhã 29/05 /23