Lula da Silva está sendo neste terceiro mandato o que se temia ter sido nos dois anteriores. Voltou ressentido com os anos na prisão, revanchista, agindo mais com o fígado do que com a cabeça. Em três meses, não tem ainda projeto de governo. O país, em termos de economia, está parado, pois o setor privado quer saber como será tratado.
O governo Lula já coleciona fatos preocupantes para os setores mais responsáveis da sociedade. As invasões de propriedades rurais voltaram e são tratadas com tolerância. A inovação na área são invasores indígenas, como se as reservas não fossem maiores do que a França. Mas não para por aí a perda de tempo com temas distantes dos desafios para o crescimento da economia, do emprego, melhoria na saúde e na formação da mão de obra. O operário brasileiro ganha pouco em geral, mas tem pouco preparo para ganhar mais.
O turismo que é incipiente, menor do que na Argentina e mais longe dos mercados emissores esse o leque de ofertas do Brasil, acaba de sofrer um golpe, fruto de um esquerdismo anacrônico. E em nome da “reciprocidade” para americanos, canadenses, japoneses e australianos. O Brasil recebe menos visitantes do que o Museu do Louvre. Estes países representam em torno de 15% de turistas, exceto os dos países vizinhos.
Lula continua em campanha eleitoral, pois não perde uma chance de falar mal de seu antecessor e anular medidas polêmicas. Uma delas foi retirar a licença para posse de armas de mais de um milhão de brasileiros, entre caçadores, esportistas e de defesa pessoal ou patrimonial. Centenas de projetos foram cancelados por questões ambientais controvertidas, incluindo a pavimentação de uma estrada na Amazônia de importância, social e econômica, que liga Porto Velho a Manaus. Não percebe que Bolsonaro é o passado, que daqui para frente tudo vai depender dos resultados do governo. A referência da posição ainda vai surgir.
A política internacional é um desastre ainda não percebido pela mídia mundial. Realmente o Brasil ficou mal durante o governo Bolsonaro, que colecionou gafes e postura equivocada. Bolsonaro criticou governos vizinhos como Argentina, foi grosseiro com o presidente da França e de Portugal. Viajou sem tomar vacina e usar máscara a países que adotavam as duas coisas. Manifestou simpatias pela invasão da Ucrânia, tendo semanas antes visitado Moscou. Lula foi recebido da melhor maneira, tendo mesmo uma posse concorrida em termos de presenças. Mas está colocando tudo a perder e querendo se fazer de esperto. Os americanos o receberam com reservas, limitando a visita a fotos e comunicado sobre meio ambiente e “a defesa da democracia”. Mandou seu assessor internacional e Chanceler Celso Amorim para visitar Maduro e tratar do restabelecimento das relações entre os dois países – e tende a apoiar a proposta do venezuelano de se criar um bloco liderado pela Rússia e China.
Ao se apresentar como mediador na questão da invasão da Ucrânia, Lula não foi levado a sério, pois os EUA e a União Europeia, envolvidos no conflito, bem sabem de suas simpatias. Mesmo assim, chegou a telefonar para o líder ucraniano, Zelinsky, o que, mesmo com as simpatias da mídia mundial, não teve a menor repercussão.
Na política interna, dedica-se a lotear o governo para obter uma maioria parlamentar duvidosa. Não percebeu que a composição atual do Congresso é conservadora e pragmática. Pode apoiar algumas medidas, mas fica na oposição, caso a inflação fuja ao controle, o país entre em recesso e venham à tona casos de corrupção. A qualidade dos ministros é baixa. São 90 dias perdidos em todas as áreas.
Ao afastar as classes produtoras com políticas populistas, o presidente dificulta o investimento gerador de empregos e renda. E comete o erro de praticar uma política hostil aos militares. O novo Lula é uma versão piorada do anterior.
Quem viver verá!
Publicado em: JORNAL O DIABO.pt 30/03/23