O momento nacional acabou por revelar mais uma faceta da personalidade do senador Aécio Neves. Já conhecido como o político hábil que ajudou o primeiro mandato de FHC a aprovar importantes projetos na Câmara dos Deputados, que presidiu muito jovem, assim como o governador de grandes realizações que mudaram o perfil econômico de Minas, o candidato à presidente que perdeu por pouco. E, agora, já se sabe como, revela-se mais estadista do que político.
Atitude de coragem, sem pensar nas próximas eleições, mas no futuro dos brasileiros, alerta o presidente da República para a urgência de um programa de salvação nacional, independentemente de reflexos eleitorais. Defende os remédios que o Brasil precisa, mesmo que amargos, consciente da gravidade da situação. Sabe que o momento não é de bondades, mas, sim, de atitudes.
O político mineiro nasceu na politica. O pai, Aécio Cunha, admirável na dignidade, no caráter, na coerência e no espírito público, foi um exemplo bem aproveitado. O avô Tancredo Neves, o notável aglutinador, hábil, sábio, construtor de uma transição para a democracia equilibrada, de bom senso, que foi vitoriosa até com a sua ausência. Fez por merecer estar na galeria dos presidentes, mesmo sem ter tomado posse.
O Brasil é outro depois dos acontecimentos ligados ao Lava-Jato, das demais ações da Polícia Federal e do afastamento da presidente que provocou a maior crise econômica e social da história. E os próximos meses vão determinar se teremos um futuro de paz, ordem e progresso, ou vamos cair na tradicional política latino-americana, com prateleiras vazias e desemprego. As forças do atraso estão atuantes, como se sabe. Precisamos mesmo de estadistas e não de demagogos ou figuras menores em momento tão grave.
Os políticos estão diante da oportunidade de restaurarem a credibilidade dos parlamentares, votando sem medo.
A colaboração do Judiciário passa pela celeridade no trato das questões que possam refletir na economia nacional, inclusive governos estaduais.
Nem tudo está perdido, quando se verifica um núcleo de alto nível no Senado. E mais: Minas contribuindo com Aécio e Anastasia; Goiás, com Ronaldo Caiado; o Rio Grande do Sul, com Ana Amélia; o do Norte, com Agripino Maia; o Pará, com Flexa Ribeiro.