A quantidade de casos de corrupção no mundo vem crescendo, já não mais apenas no setor público, mas também nas grandes empresas e nos fundos que proliferam no mercado de capitais. O suceder de casos, amplamente noticiados, acaba levando ao esquecimento deles, com os fraudadores se beneficiando de prescrições, facilmente obtidas por bons advogados. O Judiciário mesmo não considera estranho que os acusados, arguidos, tenham como pagar advogados tão caros. A legislação dos países de cultura latina parece que foi feita para proteger criminosos “de colarinho branco”. Diferentemente dos EUA, onde muitos milionários estão na cadeia, após processo de curto prazo.
A situação que o Brasil vive não é muito diferente de outros países. Apenas, pelo tamanho de sua economia, os volumes envolvidos são maiores do que a média. E qualquer propina inferior a dez milhões de euros não é considerada grave.
O envolvimento das esquerdas na corrupção tem levado a distorções inacreditáveis. Há anos um banqueiro, surpreendido por uma grande desvalorização do Real, pediu auxílio ao Banco Central do Brasil. Todas as notícias falaram em “pedido”. Ocorre que não parece ser crime pedir, mas sim dar o que não é devido. O Banco Central deu, apareceram depósitos não explicados na conta do diretor e o banqueiro, sr. Salvatore Cacciola, do Banco Marka, foi julgado e condenado. Este cumpriu pena.
O Brasil teve algumas das maiores e melhores empresas de engenharia do mundo. As cinco maiores com obras ao redor do mundo. Andrade Gutierrez e Odebrecht estiveram, inclusive, no Metropolitano de Lisboa. A Mendes Júnior no Iraque, a Camargo Corrêa também. Todas praticamente acabaram, encolheram, acusadas de corrupção, quando na verdade foram vítimas de extorsão. E tudo comprovado. Alguns dirigentes destas empresas amargaram meses e anos na cadeia, e os corruptos que receberam propinas sequer foram incomodados.. Na Petrobras, por exemplo, nenhum presidente foi preso e condenado, mas sim vários diretores. Vivemos tempos de “imunidade ideológica”.
Na operação Lava-Jato, que tratou de casos de corrupção nos governos do PT, o maior envolvido, com mais de um ano na cadeia, acabou se elegendo presidente da República, apesar de condenado em três instâncias. Sete anos depois de instaurada ação legal, o Supremo Tribunal “descobriu” que o processo deveria estar em outro juízo e anulou sentenças que já estavam sendo cumpridas. Curioso é que a maioria dos juízes que votaram foi nomeada pelos governos do PT.
Constatação desanimadora é que os repetidos escândalos e a divulgação nas mídias já não inibem novos casos. Os erros se repetem, como pagamentos a empresas fictícias, benefícios a parentes. Vive-se no reino da impunidade.
Agora, no Brasil, entraram no governo políticos envolvidos em casos graves. O líder de Lula na Câmara dos Deputados, José Guimarães, foi preso há anos com dólares escondido na cueca. O marido da presidente do PT esteve envolvido em graves acusações e foi contemplado com cargo relevante.
A corrupção ganha espaços nas mídias, que não cobram os casos passados, têm cumplicidade com o esquecimento também e com uma postura ideológica. Na verdade,
o que destrói as economias e governos não é apenas a corrupção. A Petrobras saiu de maior devedora do mundo para, em quatro anos de boa gestão, ser a mais lucrativa petroleira do mundo. O que mata mesmo, inclusive afrontando a moral, é a ideologia esquerdista.Esta mata empresa, mata empregos, corrompe e garante impunidade aos seus.
Publicado em: jornal Diabo.pt 02/02/23