Petrópolis talvez seja a cidade do Brasil, depois do Rio de Janeiro, com maior número de fiéis e dedicados moradores habituais ou não, nascidos em outros estados e até países.
Na verdade, o uso no veraneio pelos presidentes, de Getúlio a JK, ligou o mundo oficial à cidade, pelos seus encantos, proximidade do Rio. Incontáveis os ministros que fixaram a segunda residência no município. Desde Salgado Filho, ilustre gaúcho, grande proprietário no Vale do Cuiabá, o Barão do Rio Branco, Barão de Mauá, presidente João Figueiredo, senador Amaral Peixoto, o ex-governador do estado, Carlos Lacerda, famílias tradicionais como os Seabra, Bokel, Rocha Miranda, Guinle, Albernaz, Bezerra de Melo, Severiano Ribeiro, Rui Gomes de Almeida, Rui Barreto e Antônio Carlos Osorio, os líderes empresariais dos anos sessenta.
Muitos deram nome a logradouros públicos e instituições no município. Ocorre registrar aqui quem foi o Embaixador José Bonifácio de Andrada, que dá seu nome a educandário de referência em Pedro Rio, logo no início do distrito de quem vem da BR 040.
Pelo nome, Andrada já se verifica ser descendente direto do Patriarca da Independência, de quem herdou o nome. Mas foi irmão do famoso presidente Antônio Carlos, estadista mineiro. Pelo casamento com Corina Lafayette Rodrigues Pereira, se tornou genro do famoso Conselheiro Lafayette.
José Bonifácio foi um notável homem público. Diplomata por vocação, foi embaixador do Brasil na Argentina, Bélgica e Itália, com missões nos EUA. Foi deputado, amigo a quem Getulio Vargas sempre que podia ouvia. Sua história vem contada em livros de sua filha Marina Ibrahim, disponíveis na biblioteca do colégio em Pedro do Rio.
Muita gente passa na porta do colégio e não sabe o motivo do nome. José Bonifácio tinha residência no Rio, em Petrópolis e Barbacena. Este patriarca deu ao Brasil o filho, deputado José Bonifácio, Zezinho, que presidiu a Câmara dos Deputados, o neto Bonifácio, Andradinha, e agora o bisneto, o deputado Lafayette de Andrada, todos na bancada mineira.
Falta à nossa cidade o espírito de valorizar este passado, que inspira, queiram ou não, um povo tão bem-educado, cordial e respeitoso, pela herança de seus maiores em relações de trabalho com esta nobreza e aristocracia. Uma placa explicativa em cada rua ou logradouro daria grande impulso ao turismo cultural, vocação natural da cidade que tem monumentos históricos, como Museu Imperial, Quitandinha, Palácio de Cristal, Catedral Metropolitana, Palácio Rio.
Publicado em: Diário de Petropolis 18/12/22