Curioso as poucas referências ao fato do vice-presidente, Geraldo Alckmin, ministro do governo Lula, ser um médico que desde muito jovem abraçou a política. A ligação da medicina com a política é muito grande na história republicana desde sempre.
São muitos os casos dos que conciliaram as ciências médicas com a militância política. Na cidade de Petrópolis, por exemplo, dois de seus prefeitos de referência foram os médicos Oswaldo Cruz e Nelson de Sá Earp. Foi como prefeito de Ribeirão Preto que o médico Antônio Palocci se projetou na política nacional, sendo ministro mais de uma vez. Belo Horizonte teve JK e Célio de Castro, entre outros.
Nesta eleição recente, em 2022, foram eleitos 37 deputados federais médicos, e dois senadores, dos nove que o Senado tem.
Alguns são nomes marcantes na história republicana. O primeiro foi o governador de São Paulo por três vezes Adhemar de Barros, que se notabilizou pelo Hospital das Clínicas, até hoje o maior do Brasil, e diversos outros pelo interior paulista. Adhemar também pouco clinicou, pois foi feito deputado aos 34 anos e aos 37 já era Interventor em São Paulo, nomeado por Getulio Vargas. O político paulista era formado na Faculdade Nacional, no Rio de Janeiro, com pós-graduação na Alemanha e residência médica na França. O presidente JK, quando eleito Presidente da República, ao receber o apoio de Adhemar e seu partido, o PSP, pediu que ele indicasse seu ministro da saúde, o que fez sugerindo o sanitarista Mário Pinotti e depois o professor Maurício de Medeiros.
JK era médico urologista, com estágio na França, tendo ingressado na política quando lutou pelo governo Vargas na Revolução Paulista de 32. Foi feito prefeito de Belo Horizonte, depois deputado constituinte, em 46, governador de Minas, em 51, e presidente da República, eleito em 55.
O maior nome da política baiana pós-1945 foi Antônio Carlos Magalhães, grande prefeito de Salvador e governador que incluiu a Bahia na rota da prosperidade. Era médico também.
A bancada do Rio sempre contemplou médicos, sendo que atualmente tem os deputados Daniel Soranz, que é secretário de saúde da capital, o Dr. Luizinho, que foi secretário de saúde do estado, e a veterana parlamentar Jandira Feghali.
Na corrida presencial de 2026 já aparece como nome forte o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que é o governante mais bem avaliado do Brasil e é médico, que até bem pouco conciliava a atividade parlamentar com a prática da medicina para a qual reservava suas segundas-feiras.
Recordar a atitude de JK de pedir a um dos seus oponentes na eleição que indicasse o ministro da Saúde, dizendo querer fazer pelo Brasil na saúde o que Adhemar fizera por São Paulo, mostra bem a qualidade dos políticos de antigamente.
Publicado em: JORNAL CORREIO DA MANHÃ 31/01/25