Nestes tempos de um processo eleitoral republicano de tão baixo nível, em todas as tendências, conforta lembrar que temos uma longa história de ilustres homens públicos, que exerceram funções de responsabilidade com elegância, cordialidade, habilidade e visão.
Um dos grandes personagens do Império foi Paulo Barbosa da Silva, mais conhecido como Paulo Barbosa, um mineiro de Sabará que fez carreira a partir de Petrópolis, que tanto amou e serviu. Como mordomo-mor de Pedro II, foi ele quem teve a ideia de fazer da Fazenda do Córrego Seco a cidade de Petrópolis, para não só abrigar a nobreza no verão, mas de criar um local acolhedor, de bom clima, para ser refúgio dos europeus que serviam no Rio de Janeiro. Paulo Barbosa era de origem militar e, por aí, indicou a contratação do Major Julio Koeler, engenheiro, para desenhar a cidade de Petrópolis, que foi a primeira planejada do Brasil.
Paulo Barbosa no importante cargo – hoje correspondente, mais ou menos, à Chefia da Casa Civil – tinha o apetite pelo poder da gente mineira, de que carecia o próprio Imperador. Assim foi influente, discreto, não aceitou títulos, mas indicava muitos dos agraciados. Quando da vinda da Condessa de Barral para o Brasil, para ser a educadora das princesas imperais, foi ele quem tratou de toda a parte burocrática, incluindo moradia no Rio e em Petrópolis, no famoso Chalet Miranda – da família Miranda Jordão –, que foi lamentavelmente demolido.
Esse homem foi influente por décadas. Deputado por Minas, interrompeu suas funções no Paço Imperial diante da ciumada geral pela sua influência, indo para a Europa como diplomata, representando o Brasil na Alemanha, Rússia e Áustria. Voltou e reassumiu o cargo.
Claro que a longevidade no poder se deve as suas qualidades de homem de Estado. Sua base foi uma personalidade construída na inteligência, na educação, no caráter e no dom de saber o que, com quem e como fazer.
Sua vida deve ser avaliada hoje como uma lição. Temos tido políticos de ocasião demais, que passam como cometas nos cargos, por falta justamente destas qualidades.
Petrópolis fez de Paulo Barbosa imortal, como Brasília a JK, o Reino Unido a D. João VI, e Médici por Itaipu, o crescimento acima de 10% e Funrural. É preciso ter vocação para o poder.
Publicado em : Diário de Petropolis 18/09/22