Quem quiser saber a dimensão da crise por que atravessa Cuba, depois de 65 anos de comunismo, vai ter muito trabalho pesquisando notícias escassas e nenhum comentário sobre a crise humanitária. Sem pão e sem liberdade, aprisionados na ilha, os cubanos recebem a indiferença internacional. Nem nos EUA a situação é mostrada, exceto em Miami, onde a comunidade cubana ainda é relevante e ativa.
O trabalho de ocultar fatos chocantes impressiona. O noticiário econômico internacional aborda a produção e o comércio de produto relevante, que é o açúcar. Mas não se encontra nenhuma referência de que Cuba era o maior exportador do mundo em 1959, com produção em torno de oito milhões de toneladas e hoje produz menos de um milhão. E importa para cumprir contratos de longo prazo.
A produção não atende o consumo interno e agora sofre racionamento para permitir a fabricação do rum, que é fonte de receita anual estimada em 80 milhões de euros. O Brasil tem safra estimada para ser o maior exportador, e outros produtores relevantes são Índia, China, Tailândia e México, todos com mais de cem milhões de toneladas. Haverá outro motivo que não o confisco feito a produtores de cana e usinas de açúcar por Fidel Castro?
Neste primeiro trimestre do ano, Cuba aumentou em cinco vezes o preço dos combustíveis e do gás domiciliar. Tinha a gasolina mais barata da América Latina sem produzir um barril de petróleo, mas a recebia da URSS e da Venezuela quase que gratuitamente. Agora não.
O turismo, fonte de divisas, está em crise, pois caiu o apelo da viagem ideológica nas novas gerações. As remessas dos que conseguiram fugir caíram com o tempo.
A esquerda mundial quando tem de enfrentar questionamentos sobre Cuba, fala do bloqueio dos EUA. E o mundo livre não informa que o bloqueio foi um ato de solidariedade do governo americano a milhões de cidadãos que foram roubados por Fidel Castro. Habitações de veraneio, desde modestos T2 a boas casas confiscadas foram mais de 40 mil, assim como os prejuízos dos acionistas das indústrias como a Coca-Cola, cerveja Budweiser, hotéis Hilton e centenas de outras, além de cassinos e as usinas de açúcar, muitas cotadas nas bolsas americanas.
No Brasil, os governos Lula e Dilma emprestaram cerca de um mil milhões de dólares corrigidos e não recebeu um tostão de volta. Lula disse que Cuba não pagava a Bolsonaro, mas que pagaria ao Brasil atual. Um ano de governo Lula e a dívida só fez aumentar.
O governo cubano “exporta” médicos para o terceiro mundo em que os salários oscilam nos dez mil dólares por mês, mas os profissionais recebem menos de 10%. E vão sem as famílias, que ficam para garantir a volta deles. Quando o governo Bolsonaro cortou os contratos e passou a pagar a metade diretamente aos médicos, um terço pediu asilo, apesar de colocarem em risco as famílias reféns na Ilha.
No mundo que anda preocupado com a escassez de alimentos e medicamentos em Gaza, região de onde partiu e onde estão os autores do atentado a Israel com milhares de mortos, estanho que a falta de alimentos e medicamentos em Cuba, que não está em guerra, não chame a atenção. A cota mensal de ovos por família é de sete unidades. Fora isso, a preço de mercado que é proibitivo. Os socialistas, que defendem aumentos salariais e estimulam greves, não explicam os salários cubanos que oscilam entre os 20 e os 160 euros, exceto para a oligarquia no poder, militares e policiais, ministros dirigentes de estatais e do Partido Comunista.
Nos últimos meses, o governo, diante de protestos cada vez mais difíceis de reprimir, vem relaxando na saída de cubanos, “com a roupa do corpo”. No ano de 2023, teria sido 1% da população de 11 milhões de habitantes.
Divulgar este quadro dramático pode ajudar aos povos ainda livres a dar um chega neste caminhar para o caos na economia, no social e no político, como o de regimes ditos socialistas.
Publicado em: Semanario Sol 18/02/24