O leitor já se acostumou com os excelentes artigos neste espaço de Ricardo Cravo Albin, que é um grande carioca e, portanto, só poderia escrever no mais carioca dos jornais, que é O DIA. Mas aposto que muita gente não sabe a dimensão dos serviços prestados por ele com amor, idealismo e generosidade ao Rio de Janeiro.
Tudo começou quando lançou a ideia do Museu da Imagem e do Som, no governo Carlos Lacerda, transformado em realidade por Negrão de Lima, que manteve Ricardo no comando por reconhecer que ele estava acima de partidos. Foi o próprio Rio, como argumentou seu amigo Sergio Guimarães, assessor de Negrão, que levantou a tese da sua confirmação na direção do Museu.
Este homem que articulou festivais e promoveu eventos, por fim adquiriu imóvel histórico na Urca, onde viveu o decorador Júlio Sena, que denominou o espaço de Largo da Mãe do Bispo, transformando numa fundação com o mais completo acervo referente à música popular brasileira, aberto à visitação pública. Albin é um incansável promotor da cultura, atuando na Associação Comercial do Rio, que o fez com justiça seu Benemérito. Agora reergue a Academia Carioca de Letras, que voltou a ser referência de entidade cultural na cidade, ao lado da Academia Brasileira, do Instituto Histórico e Geográfico, do PEN Clube, do Liceu Literário Português, do projeto Música no Museu, da esplêndida rede de museus, a maior e mais rica do Brasil. E a formidável coleção de espaços culturais do mais alto nível, desde o histórico Theatro Municipal, Sala Cecília Meireles, Cidade das Artes, aos privados patrocinados por grandes empresas. Nada mais natural que o governo federal tenha buscado no Rio o Ministro da Cultura.
Nesse mundo de desencantos e desilusões, faz bem lembrar um militante do bem, da alegria, da confraternização e da preocupação de servir ao povo boas opções de cultura e laser a baixo custo. E o faz com amor e desinteressadamente. Tanta gente da chamada área cultural palpitando nos destinos da Nação, na maioria das vezes de maneira equivocada, inspirada na paixão política, e um grupo de homens trabalha com idealismo e desprendimento. Ricardo é a referência maior na nossa cidade, exemplo para o Brasil.
Merece, portanto, ser reconhecido e aplaudido em vida. O Brasil costuma se lembrar de seus notáveis desprovidos de vaidade pessoal, de autopromoção, quando deixam esta vida. Não deve ser assim!
Obrigado Ricardo por esta vida dedicada à arte e à cultura no Rio !