Quando do movimento que derrubou o presidente João Goulart em 1964, o Brasil estava às portas de uma transformação em “república sindicalista”, que, na verdade, era um projeto da União Soviética, tendo como ponta de lança a Cuba de Fidel Castro. Na época, a Igreja Católica desempenhou um papel fundamental na mobilização da sociedade contra o comunismo.
A grande passeata de São Paulo, em 19 de março, contou com mais de um milhão de pessoas nas ruas, comandadas pela sra. Leonor Mendes de Barros, mulher do governador Adhemar de Barros, e tinha o título de “Marcha com Deus pela Família e a Liberdade”. Teve forte apoio no clero, no setor empresarial, na mídia em geral, nas profissões liberais e no meio rural, já expressivo em São Paulo e no sul de Minas Gerais.
Alguns arcebispos foram decisivos no apoio da aristocracia e burguesia nacional ao movimento. E os militares acabaram por ceder às pressões da sociedade através de suas forças vivas.
Minas Gerais, com grande tradição católica e de prelados participantes dos movimentos políticos, desde a Inconfidência Mineira, teve no arcebispo de Diamantina, D. Geraldo Sigaud, uma grande força. Sua pregação foi destaque na mídia nacional. Grande orador, afirmava que “se necessário for, irei para frente de batalha, disposto ao sacrifício do próprio sangue”. D. Geraldo, curiosamente, tinha um irmão comunista, o pintor Eugenio Sigaud.
Ainda em Minas, o deputado Padre Vidigal, na capital do centro-oeste mineiro, Curvelo (cidade que hospeda uma das basílicas brasileiras, a de São Geraldo Magela), fazia um trocadilho em seu discurso aos ruralistas ameaçados por invasões ao bradar “armai-vos uns aos outros”. O movimento de 64 foi deflagrado em Minas, pelo governador Magalhães Pinto e com apoio da tropa federal, comandada pelo general Mourão Filho, nascido na mesma Diamantina do arcebispo e do ex-presidente Juscelino.
No Rio de Janeiro, o Cardeal D. Jaime de Barros Camâra, de grande prestígio, estava na linha de frente dos alertas quanto ao perigo comunista. Para isso, contava com apoio no clero, a começar pelo influente Padre Leme e Lopes, jesuíta, que lecionava no tradicional Colégio Santo Inácio e na Pontifícia Universidade Católica do Rio.
Assim como os militares, a Igreja, no Brasil de hoje, está muito distante da crise pela qual o país atravessa. Os cardeiais (cinco) assumem uma postura discreta, depois de muitos anos de uma presença da Teologia da Libertação que chegou a dominar a Conferência Nacional dos Bispos e foi contida pela ação firme de João Paulo II. Este chegou a suspender da Ordem alguns teólogos marxistas, como Frei Leonardo Boff, do seminário de Petrópolis. Tendo abandonado a Igreja, Boff continua a ser seguido e admirado por leigos que, supostamente, deveriam ser obedientes ao Papa.
O Padre Paulo Ricardo, com milhões de livros e CDs vendidos , gravou mensagem alertando os católicos para os perigos de um voto em candidatos simpatizantes do marxismo nestas eleições . Lembra que a esquerda hoje se concentra no ataque a família e seus valores, na critica ao capitalismo e ridicularizar os que professam a religião ou quem não defende suas teses sobre os costumes.
Esses religiosos conservadores, do passado, têm sido muito lembrados no Brasil de hoje, que enfrenta a ameaça de uma escalada esquerdista “bolivariana” e a violência urbana em meio ao debate se o cidadão pode ou não dispor de uma arma para defesa pessoal – desde que atenda a alguns requisitos básicos. D. Sigaud, por exemplo, disse que “quando a força está a serviço do direito, é hora de nós, bispos e padres benzermos fuzis, revólveres e balas”. Ou ainda: “Quem não sabe matar ou morrer em defesa da propriedade não terá a mínima condição de ser proprietário”.
Dia 7 de outubro, o Brasil vai decidir para aonde irá.