O Brasil, assim como a Europa também, tem pressa em resolver alguns problemas que podem inviabilizar os anseios de melhora na qualidade de vida dos povos. E o mais grave é, sem dúvida, a reforma do sistema de aposentadorias. A expectativa de vida aumentou muito nos últimos 50 anos e o cálculo atuarial permaneceu o mesmo. Existem aberrações, como na Espanha, onde o reformado recebe mais do que um trabalhador em início de vida. O déficit, em poucos anos, provocará o caos e, hoje, com os controles multilaterais – tipo FMI e União Europeia –, pode até provocar o não pagamento de reformas, o que seria ainda pior.
No Brasil, o primeiro passo é chegar na média europeia, de reforma aos 65 anos de idade, para homens, e 62, para mulheres. O segundo é estancar os privilégios, especialmente no Judiciário e no Legislativo, que paga benefícios superiores a 40 mil reais (dez mil euros) a centenas de milhares de pessoas. O governo atual quer iniciar um processo de transição para igualar o setor público ao privado, no qual a reforma maior é de 5.800 reais (mil e quatrocentos euros). E a aprovação pelo Congresso tem de se dar neste semestre. Mas a verdade é que os políticos, especialmente os de esquerda, incluindo aí socialdemocratas, preferem pensar na próxima eleição a se preocupar com a geração futura.
O primeiro e mais grave problema é mundial. No entanto, afeta o Brasil de forma especial, pois a população é de 230 milhões, e os acima do teto do setor privado representam mais de setenta por cento dos gastos. A reforma em verdade, exceto na idade, não afeta a mais de oitenta por cento dos reformados.
O segundo passo será controlar por lei os gastos dos municípios (câmaras) e governos regionais, onde faltam recursos para investir em saúde e educação pelo grande número de funcionários e pela demagogia do subsídio ao transporte urbano. Nos anos 1960, em São Paulo, a empresa municipal de autocarros chegou a ter um prejuízo anual igual a um terço de todo o orçamento do município. Resultado de demagogia e gestão irresponsável, pois é sabido que não há como se pagar este prejuízo, que vem da má administração, dos altos salários, da falta de controle, nos trens e nos autocarros. A solução é privatizar, e ponto final.
Outro ponto fundamental é a necessidade do Estado, em todos os níveis, de cuidar da manutenção das obras públicas, como pontes, viadutos, hospitais, que passaram os 14 anos de gestão Lula-Dilma sem investimento. São Paulo e Rio têm dezenas de obras sob suspeição e sendo interditadas. A infraestrutura portuária está engessada, pelo que se viu pela corrupção e o tráfico de influência, incluindo o porto de Santos, o maior da América Latina. Há, portanto, de se atrair operadores privados e com capital para que o comércio exterior possa crescer.
Há muito que fazer e tem de ser agora, que o governo chegou com respaldo popular, embora a guerra política continue, inclusive de maneira desleal, nos ataques minuciosos à vida da família presidencial. Esquecem que não podem ser acusados de corruptos por nunca terem sido governo. Mesmo assim, já foram descobrir problemas fiscais, mínimos, numa loja de chocolates de um dos filhos do presidente.
Falta ao governo experiência política, mas a base sólida da gestão está garantida pelos quadros de excelência na área econômica e de gestão. E, claro, pelo reconhecimento dos ministros de origem militar, todos homens de renomado saber.
Caso as condições políticas se compliquem, com o Congresso rebelado por não ser atendido na ocupação de cargos, tudo de bom que poderia acontecer pode acabar em grande frustração. Afinal, vivemos num mundo em que ainda abriga segmentos políticos com coragem para justificar e proteger um regime como o de Maduro, na Venezuela, ignorando a fome da população, de conhecimento geral.
O mundo está em crise. E tem pressa em resolver seus problemas.