A reforma do sistema de Previdência Social, em fase final de aprovação, mesmo com os cortes feitos pelos parlamentares, abre o caminho para as demais reformas, necessárias para que o Brasil volte a merecer investimentos globais. O acordo do Mercosul com a União Europeia poderá ser melhor aproveitado com as contas públicas mais equilibradas. Embora com uma das maiores reservas internacionais, o Brasil carrega uma pesada dívida, interna e externa, e este é um ponto explosivo no atual panorama mundial.
O importante é que se possa atrair investimentos geradores de empregos, de divisas e de receita pública. E que permitam que o Estado invista em portos, estradas, educação e saúde. Os estados endividados estão há muitos anos sem investir, com sua infraestrutura sucateada, como Portugal, que está com o sistema de saúde debilitado pela falta de recursos, depois de ter sido considerado um dos melhores na União Europeia. Também o setor de transportes sobre trilhos, o mais econômico, ficou abandonado e isola Portugal do sistema moderno de trens de alta velocidade. No Brasil, a parte de cargas apresenta melhoras, pois foi entregue ao setor privado nas regiões mais ricas. E, com a folga proporcionada com as reformas, pode liberar recursos para as linhas em construção no Nordeste e no Centro-Oeste do país.
Agindo discretamente, os ministérios entregues a militares mostram eficiência, correção de erros dos últimos anos e possibilidade de execução de obras. São os casos dos ministérios dos Transportes, Minas e Energia e Ciência e Tecnologia. Algumas obras hidroelétricas, que estavam travadas por descabidas exigências indígenas ou ambientais, devem ser liberadas em curso prazo. O setor de telecomunicações aguarda a liberação, pelo Senado, de uma nova regulação, que pode ser votada ainda este ano. Com um bom mercado, o sistema possui empresas fortes, mas enfrenta ainda entraves na burocracia e na regulação.
Por outro lado, ganhou impulso nas últimas semanas as privatizações de ativos da Petrobras e do sistema segurado, com possibilidade de obtenção de grandes somas e ganhos de eficiência. A Petrobras pode vender este ano, pelo menos, quatro refinarias e resolver o futuro da distribuidora BR, que possui a maior rede de gasolineiras do país. Realmente, seria cômico, não fosse trágico, um país que tem poucos postos médicos possuir tantos postos de gasolina.
O Judiciário continua a influir e a atrapalhar muito o setor produtivo. A solução da companhia aérea Avianca não ficou definida por decisões judiciais, quando o assunto, na verdade, deveria caber à agência reguladora. A empresa Azul tem sido vítima de vergonhoso bloqueio de sua participação na ponte aérea Rio-São Paulo, por exemplo.
O investimento na infraestrutura fará cair o chamado “custo Brasil”, que, com burocracia e impostos, trava o comércio exterior, muito concentrado no minério e na agricultura por causa disso. A soja, por exemplo, vai ganhar pontos de custos com a estrada que liga o Mato Grosso aos portos da Amazônia, Pará especialmente, que, depois de 30 anos, serão trafegados durante todo o ano. Bolsonaro liberou recursos para o Exército coordenar a obra, desde que o Batalhão de Engenharia da região é que vinha dando alguma condição de tráfego na estação das chuvas.
Enfim, diminuindo o déficit, facilitando a vida do empreendedor, cortando abusos ideológicos nas questões indígenas e ambientais, o país pode começar a competir num mundo em que a concorrência é cada vez maior.