Quando da recente tragédia em Petrópolis, entre as medidas anunciadas como urgentes estava o atendimento de aspiração de décadas da sociedade local: a ligação Quitandinha-Bingen, melhorando a mobilidade na cidade.
Não faltaram apoios do governo estadual e do federal. Chegou-se a falar numa via provisória a ser feita em poucas semanas. Mas o assunto sumiu, como pode ter acontecido com parte dos recursos, desviados para outros fins, mesmo que legítimos.
Semana passada, o próprio governador Cláudio Castro foi a Petrópolis ver como iam os gastos com as verbas atribuídas ao município. O prefeito andou tentando evitar a ajuda estadual, pasmem, por motivos políticos.
Quem circula pela cidade não vê mais as obras de reparação dos deslizamentos nas margens dos rios, no centro e nos acessos. A cidade deve uma explicação à população petropolitana e aos governos da União e do Estado, que destinaram recursos para reconstruir a cidade.
O quadro ainda é desolador, com estabelecimentos fechados, como a Farmácia Brasil, a mais tradicional da cidade, em plena avenida do Imperador.
O Brasil não suporta mais esse tipo de negligência no trato do interesse público. E a permanente tentativa da exploração política.
O mínimo que se espera é que os entes envolvidos se pronunciem, que os que destinam recursos a municípios como Petrópolis (estados e a União) passem a administrar a aplicação, para não se repetir o erro do governo quando da pandemia em que liberou bilhões e os desvios foram chocantes. E o Senado ainda se negou a investigar quando da espetaculosa CPI, que não passou de um palco para proselitismo político, demagógico e desonesto.
Desafio para petropolitanos é a cobrança da ligação Bingen-Quitandinha quando será entregue?
Publicado em : Jornal Correio da Manhã 06-05-22