Corre com insistência entre atores da cena política nacional – parlamentares, jornalistas e quadros do serviço público – a percepção de que ao novo governo e à classe política anda faltando sensibilidade de perceber que a vontade popular não se expressa apenas nas manifestações de rua. Ela também é demonstrada num sentimento que se espalha e dispensa qualquer tipo de avaliação de grau de penetração na sociedade.
Na verdade, apenas o deputado Julio Lopes (P-RJ) e o Senador Aécio Neves-PSDB-MG -verbalizaram, que o sentimento popular seria no sentido de se oferecer ao presidente em exercício, Michel Temer, ampla liberdade de escolha na formação de um ministério de salvação nacional. E sendo a vontade do povo, como parece a cada dia ser mesmo, acabaria por ser acatada pelos políticos que vivem da aceitação popular.
Temer já teve de “demitir” seu fiel aliado, o senador Romero Jucá, político competente em outras circunstâncias que não a que vivemos. Homem preparado e experiente, Jucá sempre teve sua atuação cercada de suspeições e insinuações. Depois, teve de afastar o pouco transparente ministro que deveria zelar pelas operações acompanhadas com grande interesse pela população.
Hoje, discute-se tanto o envolvimento de notáveis em escândalos como a escalação da seleção brasileira. E, mesmo assim, pelo menos, três ministros são citados, em casos atuais e passados. Basta uma olhada no índice onomástico dos diários de Fernando Henrique para encontrar observações que confirmam as dúvidas que cercam o trio.
O tempo conspira contra o interesse nacional de superar a crise e dar continuidade a uma condução responsável da economia e do exercício da autoridade na manutenção da ordem até a opção popular ser manifestada nas eleições de 2018. Até lá, o atual governo não pode errar e o anterior não pode voltar.
Políticos ganharão mais votos não atrapalhando do que reivindicando, na prática do toma lá, dá cá, que revolta a população, desgasta a classe. E ainda nos leva ao risco de aventureiros se apresentarem.
A oposição corre solta, numa representação cínica, sem a devida resposta. Hoje, sim, corremos o risco do golpe na protelação de votações importantes, no golpe de ver vencer o prazo de afastamento da presidente e do golpe na inércia da Justiça Eleitoral em definir pendências importantes, como é o caso da eleição em Minas Gerais. A Carta de 1946, ao criar a Justiça Eleitoral, fixou prazos obedecidos rigorosamente até 1988.
A hora é da maioria silenciosa, ordeira, que trabalha, produz, paga impostos e sofre com a crise, os juros, a injustiça da legislação trabalhista que torna o empregar atividade de alto risco. Esta parcela da sociedade precisa ser ouvida, percebida e obedecida.
É necessário que se dê um basta no acolhimento de nomes consensualmente pouco confiáveis. O povo sofre, e pode vir a sofrer mais. O Brasil é muito grande, na população, nos números, no território, não pode cair em situação parecida com a Venezuela.. Afinal, levantar será mais complicado, mais caro e mais perigoso.
Acorda Brasil!