Impressionante a desenvoltura como o grupo de inspiração ideológica vem prejudicando nosso país, usando fraudulentamente a defesa da cultura, do patrimônio público, para deter soluções corretas. Com um preconceito ideológico contra o privado, querem dar despesas a um estado já em dificuldades e, assim, o patrimônio acaba se deteriorando.
Caso emblemático é o do Palácio Gustavo Capanema, grande obra de referência da arquitetura moderna, projeto que contou com a presença do grande Le Corbusier e de jovens brasileiros como Lúcio Costa e Candido Portinari. O edifício, que foi sede do MEC quando capital da República, ficou abandonado, deteriorado e sob risco de incêndio. Há uns dez anos começou a ser recuperado em obras intermináveis e atualmente paradas. Quando ministro, o economista Paulo Guedes colocou o imóvel junto a outros para alienação para o setor privado. Claro que seria a salvação do monumento arquitetônico do país e da cidade. Nenhuma empresa privada ousaria desfigurar de alguma maneira o Palácio da Cultura. Impensável, pela responsabilidade empresarial e pela vigilância da sociedade. A esquerda se levantou contra a venda e o governo, já fraco, desistiu. O prédio lá está, abandonado, quando poderia contribuir para a recuperação da cidade. O próprio governo poderia sugerir a um grande banco o uso para sediar suas operações na região e um centro cultural relevante, com uma escola de economia ou história, uma parceria com a FECOMERCIO para ensino de restauração de quadros e moveis de época.
Exemplo da eficiência do setor privado é que a Beneficência Portuguesa, com dois prédios históricos, mais do que centenários, foi adquirida pela rede D’Or de hospitais e será preservada sua arquitetura de rara beleza. Abandonados, corriam risco de invasão e depredação. O estado é insensível. E as esquerdas sempre dogmáticas em cercear a presença do setor privado.
Falta ainda uma política pragmática de tombar e estimular a restauração de edifícios históricos, ainda presentes no centro da cidade, da Central até a Glória. O Rio já deve ao empreendedorismo a salvação do histórico Hotel Glória, reformado para habitação de luxo sem a perda de suas características. Estado e prefeitura estão trabalhando no sentido da recuperação do centro, mas encontram barreiras como as dos arautos do atraso.
Publicado em: Jornal Correio da Manhã 28/12/22