Encontra-se em alguns estabelecimentos comerciais da cidade a oferta do vinho Barão de Petrópolis. Logo se imagina que possa ser da região – Areal já tem seu vinho –, mas não é o caso. O vinho é da serra gaúcha e é oferecido com rótulos de diferentes castas como merlot, cabernet franc, cabernet sauvignon, malbec. A sede da vinícola é em Flores da Cunha, maior produtora nacional de vinhos.
Ocorre que no Rio Grande do Sul tem, na região, a cidade de Nova Petrópolis, que, como a nossa Cidade Imperial, possui em comum o nome, a homenagem ao Imperador Pedro II e a forte colonização alemã.
O rótulo do vinho atrai os fiéis da cidade, mas não tem registro da ligação com o município, que pode estar entre os de maior consumo per capita do país, pelo clima, pelo polo gastronômico, pela presença de famílias de origem alemã. Mas não tem nada com a cidade e muito menos com o titular da nobreza a quem pegou o nome emprestado. Curioso é que a vinícola não se preocupou em contar a origem do nome do vinho, que pelo que consta na Internet é de boa de qualidade. Mas é justo que tenhamos a mínima curiosidade da ligação dele com a cidade ou com o barão.
Manuel Valadão Pimentel, Barão de Petrópolis, nasceu no Rio e morreu em Paquetá. Foi médico, professor da Escola Imperial de Medicina, membro da Academia Imperial – hoje nacional – e teve real relevância a seu tempo. Na cidade é que não existe registro, devendo, é claro, como era comum na época, ter estado no verão em fuga da canícula carioca.
O uso, ou abuso, do nome Petrópolis se deve certamente a rede de estabelecimentos com grande oferta de vinhos. O Ary Deli, que também importa, Bordeaux, Mercadinho Itaipava, Maria Comprida, The Placê, Antenor e Filhos Multimix. E grande oferta no Pão de Açúcar e Bramil em Itaipava e no Armazém do Grão em Correas.
Publicado em: Diário de Petropolis 11/12/22