CUIDADOS COM DINHEIRO PUBLICO Não é só na corrupção que o Brasil perde bilhões em detrimento de investimentos na educação e na saúde que tanto carecemos.
A infraestrutura atrofiada também impede o crescimento da economia pela falta de competitividade nos seus custos de energia e transportes. O mais criminoso, neste momento, podendo envolver também corrupção que foge ao controle interno, é o montante dos financiamentos de obras públicas em países sem tradição de pagadores de seus compromissos internacionais.
Os contratos do BNDES com estes países são de retorno duvidoso e cobertos por estanho sigilo. Caso inédito de créditos de retorno improvavel, amparados apenas na identidade ideológica com os beneficiários. As entidades empresariais deveriam protestar, pois os recursos seriam melhor aproveitados reaparelhando nossa indústria. O talentoso Delfim Neto já afirmou, com muita propriedade e notável saber, que a retomada do crescimento passa pela modernização de nosso parque industrial, afetado por uma política cambial que prevaleceu por anos, esmagando o setor privado nacional.
Outra questão que é grave e conta com inexplicável cortina de silêncio é a existência de grandes empresas estatais camufladas em instituições privadas, sem respeito às leis de licitação, à política salarial oficial e a limites na contratação de pessoal e das famosas ?consultorias?. Um Tribunal de Contas da União ineficiente não percebe estas realidades, que podem desaguar, amanhã, em grandes escândalos. Já vivemos a aberração de fundos de pensão participar de grupos de controle de empresas e de seus conselhos de administração, quando deveriam apenas estar nos conselhos fiscais para acompanhamento de seus investimentos. Esta é outra maneira de se manter a influência do Estado em empresas supostamente privatizadas, como é o caso da Vale.
Os fundos de pensão de estatais vivem em permanente perdas. Não é apenas o POSTALIS que teve de recorrer aos seus participantes para cobrir rombos, frutos de gestões temerárias e corruptas. Não existe uma legislação que proteja os pensionistas, incluindo limites e normas para as aplicações de seus ativos financeiros. E mais uma vez uma criminosa cortina de silêncio sobre o tema, que surge e some do noticiário. As contas não pagas, desde aluguéis e telefone de embaixadas e consulados, a cota do Brasil em organismos internacionais, a cobertura dada a inadimplência provocada pelo controle cambial na Argentina e Venezuela, são outros fatores de desperdício e gestão temerária. Fala-se que a GOL teria 200 milhões de dólares retidos na Venezuela e que o governo brasileiro trataria de ressarcir a empresa, quando o natural seria suspensão dos voos ou vendas de bilhetes na moeda local. O ajuste mais justo seria por aí. E não aumentando impostos e diminuindo o investimento.