A sociedade brasileira precisa se unir num mutirão do bom senso e do encontro do consenso na avaliação de projetos e pessoas. O primeiro passo precisa ser desmascarar políticos negacionistas que ignoram o interesse nacional em nome de suas narrativas e egocentrismo.
O crescimento nacional da avaliação do governador Tarcísio de Freitas parece vir justamente de aliar a um bom desempenho como executivo a uma postura de equilíbrio. Prova está no apoio que deu às reformas propostas pelo ministro Fernando Haddad, que não são perfeitas, mas necessárias. Mostrou que um homem público, com a responsabilidade de governador de São Paulo, não pode andar a reboque de políticos menores, mesmo que aliados.
A opinião pública, em geral, que é formada a partir das classes médias, tem sido pouco feliz nas suas avaliações. A começar pelo juízo dos ex-presidentes vivos. Fatos e não opiniões facciosas apontam, por exemplo, que FHC, de personalidade de alto nível, teve o mérito de dar continuidade ao projeto privatista de Fernando Collor e de ter a postura compatível com as aspirações nacionais. Mas errou, e muito, no projeto da reeleição e no indisfarçável desejo de passar o governo para Lula. Em parte, pelo viés esquerdista que nunca abandonou e por sonhar que um mandato desastrado permitisse a sua volta em 2006.
Fernando Collor, bem equipado intelectualmente, teve boas ideias, mas foi mal cercado. Quando acordou e montou excelente ministério, era tarde. Foi derrubado pela guerra ideológica e não pela caminhonete Fiat.
José Sarney, apesar da inflação ter disparado, apresentou bons números no geral. Foi prejudicado pelas influências negativas dos tucanos paulistas e a presença menor do “dr. Ulysses”, que agia como agente empregador de esquerdistas em troca do apoio nas mídias. Consta que nunca defendeu um pleito de interesse nacional ou até mesmo de seus eleitores em São Paulo. A pífia votação quando disputou a Presidência mostra o quanto lhe custou a vaidade. Sarney, entretanto, tem o respeito de todos que o sucederam, sendo até hoje a maior reserva moral e política do Brasil. No seu coração nunca entrou ódio.
Lula não sabe governar, mas sabe fazer política e tem apoio ideológico dos que espertamente exploram seu carisma. Dilma dispensa comentários. Seu discurso responde pelas suas qualidades. Neste governo ceio pior, ressentido, Arrogante é radical. Com pretensão de Presença Internacional que já beira o ridículo.
Michel Temer foi vítima das más companhias que não soube manter a distância, atendendo às aspirações do quarteto do qual era parte, com apoio para os governos estaduais ou embaixadas, mas sem abrigar em cargos públicos, dos quais saíram diretamente para a cadeia. Fora isso, foi excelente e hábil governante e político em momento delicado da vida nacional. O grupo íntimo só dispunha mesmo de um bom quadro em Eliseu Padilha.
Bolsonaro foi um fenômeno do destino e da história. Surgiu do equívoco do então candidato Geraldo Alckmin, que, em vez de ser o anti-PT, deixou o lugar vago para Bolsonaro. Não teve condições de aproveitar a oportunidade para entrar bem na história.
Fez bom governo, mas o desastrado comportamento pessoal, com arrogância e ignorância, provocou uma improvável derrota na reeleição.
O Brasil vai acertar o passo no dia em que as forças vivas do país superarem esta opção Lula-Bolsonaro que vivemos, com o agravante de os dois personagens centrais serem figuras menores como evidenciado.
Publicado em: Jornal Diabo.pt 06/12/23