O professor e intelectual Luiz Carlos Ramiro Junior vem de deixar a direção da Biblioteca Nacional, onde por oito meses exerceu o cargo com discrição e eficiência. Tocou todos os projetos que vinham sendo feitos na gestão anterior, a qual pertenceu. Pena que pouca gente saiba da importância e do trabalho da Biblioteca Nacional, que é uma fundação federal.
O governo Bolsonaro prestigiou o programa de traduções de obras de nossa literatura em diferentes idiomas. Clarice Lispector e Machado de Assis são os mais traduzidos, embora José Mauro de Vasconcelos e outros já tenham sido traduzidos e editados pela biblioteca. O mais recente foi Dom Casmurro em grego, coreano e malaio.
A gestão de Luiz Carlos mostra que se pode ter ideologia e identidades filosóficas diversas, plurais, e saber separar da gestão pública. Ramiro Junior é homem de pensamento nítido, autor e defensor do conservadorismo esclarecido e progressista, mas administrou independentemente do que pensa. Por tal, teve uma gestão tranquila. A biblioteca é uma preciosidade que devemos aos portugueses, a D. João VI em particular, que aqui chegou trazendo 20 mil livros preciosos e aqui ficaram até hoje.
A sede da biblioteca é um dos monumentos arquitetônicos do centro do Rio, em plena Cinelândia, ao lado do antigo TSE próximo ao Theatro Municipal e ao Museu Nacional de Belas Artes. O prédio está bem conservado e tratado.
A tradição da entidade é positiva. Passaram pelo cargo personalidades da cultura nacional como Afonias Folho, Afonso Romano de Santana, Helena Severo . Cada um no seu estilo foram relevantes.
Publicado em : Jornal Correio da Manhã 18/01/23