O pensamento de um marxista realmente não tem nenhum compromisso com as nações, sua história, cultura e tradições.
Passou pelo Rio e São Paulo o professor Boaventura Sousa Santos, português , para o lançamento de um livro alusivo aos 200 anos da Independência. Bem acolhido na mídia, deitou e rolou ao defender teses completamente diversas daquelas que a sociedade brasileira conhece e acredita. Começa por, em entrevista ao diário econômico Valor, afirmar que “a invasão e ocupação portuguesa do Brasil estão na origem da desigualdade social, racismo, sexismo (?), violência contra indígenas e afrodescendentes”.
Portugal, ao que se sabe, descobriu o Brasil e o colonizou no sentido de criar uma nação, formar um povo. Nada existia que não tribos indígenas, sem nenhum progresso ou unidade. Muito diferente do lado espanhol das Américas, onde astecas e incas tinham forte história cultural. No mais, nos últimos 35 anos, em especial a partir da Constituição de 1988, 11% do território nacional pertence a “reservas indígenas”, protegidas a tal ponto que não se sabe bem o que se passa por ali. Os índios brasileiros, na sua maioria, estão aculturados, adeptos do blue jeans e das camisetas do Flamengo ou do Corinthians.
Ao falar em “invasão e ocupação portuguesa”, ignora solenemente os 13 anos em que a capital do Reino era o Rio de Janeiro, de onde D. João VI governou como Regente e depois coroado. Nem aborda que a separação, que chamam de Independência, foi feita por um português, Imperador Pedro I, que depois foi Pedro IV, de Portugal. Muito menos que a Rainha Maria II, com o mais longevo reinado do século XIX, era brasileira.
Em sua fúria contra a herança portuguesa, o professor de Coimbra, negando as evidências de que o Brasil herdou de Portugal a cultura, o idioma e a religião, investe contra Gilberto Freyre. Afirma que o mito da democracia racial mostrada pelo sociólogo-mor em seu livro Casa Grande e Senzala foi posto abaixo. E volta a afirmar que, no Brasil, negros, mulheres e indígenas são seres inferiores.
Na sua evidente militância ideológica, diz que assistimos a ascensão da direita no Brasil. Não parece acompanhar os resultados eleitorais na Itália, Reino Unido, França, Israel, Hungria, Polônia e outros países. E o crescimento dos conservadores na Península Ibérica, diante do fracasso das gestões supostamente socialistas.
Infelizmente na América Latina o que estamos assistindo é um esquerdismo populista, por vezes corrupto e sempre ineficiente, enfraquecendo muitos países.
Boaventura Sousa Santos não teve oportunidade de reparar a forte presença das mulheres na vida brasileira, no Parlamento, nas altas funções públicas, no mundo empresarial, cultural e artístico. E dos mestiços, que formam a maioria da população. As antigas famílias da aristocracia é que estão ficando ausentes como grandes atores da vida nacional, e miscigenados com originários de outros países e raças, inclusive
asiáticos, relevantes em alguns estados, como em São Paulo. Já esteve no Brasil para esse tipo de estudo, em favelas, mas, ao que parece, aprendeu mesmo foi a tomar uma caipirinha e usar sandália Havaianas.
Pobre Pedro Álvares Cabral: passou de descobridor a invasor.
Curioso é que esses estudiosos nunca deram uma explicação para a modesta presença de negros e mestiços em funções relevantes em Cuba, onde representam bem mais do que no Brasil. Fidel Castro, sim, era um aristocrata galego.
Publicado em: jornal Diabo 23/12/22