Preocupante a quantidade de desacertos nestes primeiros 15 dias de governo. O senador Romero Jucá vem sendo falado há muito tempo, neste e em casos passados. Deveria ter percebido que o melhor para ele seria uma posição forte no Congresso. E o presidente, mais cuidado em nomear implicados nas operações em curso.
Políticos em geral não perceberam o que a sociedade exige neste momento e ignorar esta aspiração corremos o risco de cairmos numa aventura radical. O governo, inclusive, não tem agido com a energia necessária para conter as manifestações de rua que tumultuam a vida das cidades. São demonstrações de fraqueza que tendem a estimular a escalada radical.
É o caso de se pensar, enquanto é tempo, na proposta do deputado Julio Lopes (PP-RJ) no sentido de um governo apartidário, de grandes e novos nomes, com medidas fortes e emergenciais na área econômica. Os políticos precisam entender a gravidade da situação em termos econômicos, sociais e, por fim, institucionais.
Com os quadros existentes, será um suceder de gravações, depoimentos, denúncias sem fim. E, no final, os radicais desestabilizadores, todos de uma esquerda arcaica e radical. É preciso um mínimo de sensibilidade para perceber que os riscos são verdadeiramente imensos.
Tem gente que levianamente aventa a possibilidade de, no último minuto da instalação da baderna, os militares colocarem as coisas em ordem como fizeram mais de uma vez no passado. Ledo engano, eles estão justamente ressentidos com os setores da população – empresários, ruralistas, profissionais liberais – do lado liberal-conservador que se omitiram nas campanhas que tentaram demolir o prestígio dos militares junto à população.
A opinião publicada é contra os militares, mas se percebe que a pública é a favor. Mas eles não vão sair da postura discreta e distante. Inclusive por nunca terem visto as elites empresariais aconselhar os governos da inconveniência de ministros comunistas na pasta da Defesa. Celso Amorim, Aldo Rabelo e agora Jungmann são nomes respeitados, mas com passado comunista. E outros de esquerda, como foi o caso do embaixador Viegas. Nada contra estes senhores, mas é claro que corremos um risco e tanto de mudança nos currículos das escolas militares. O que, aliás, o PT deixou claro na nota da semana passada. Os militares souberam resistir no essencial.
Vamos ter pela frente semanas agitadas. A melhor opção ainda é fortalecer e tentar influir positivamente no presidente Temer, que é democrata e acredita na economia de mercado.