O jornalismo no Brasil teve no século passado alguns nomes verdadeiramente relevantes pelo talento, presença e personalidade. Alguns próximos da genialidade pelo texto, temperamento e repercussão. A saber:
Roberto Marinho e Assis Chateaubriand, pelas empresas criadas e pelas décadas de influência.
Carlos Lacerda, genial jornalista, polemista, tradutor, escritor, orador e bom administrador do Rio de Janeiro. Demolidor de presidentes, como Getulio, que levou ao suicídio, Jânio, fazendo-o renunciar, e Jango, que conduziu à deposição. Critico de Salazar, apoiou o General Antonio Spinola no exilio no Brasil, publicou memoraveis artigos no PARIS MATCH . Tinha paixão por Petrópolis onde teve casa em Samambaia e depois o sítio no Rocio.
David Nasser, com texto trepidante e personalidade fascinante. Mas, com péssima dicção, seus textos eram lidos na televisão por Jorge Curi, o grande locutor da época. Seus artigos semanais em O CRUZEIRO e depois em MANCHETE eram aguardados pelos leitores
Hélio Fernandes, em mais de meio século combativo, chegou a ser confinado pelos governos Jango e nos militares. Assumiu a Tribuna da Imprensa de Carlos Lacerda por 50 anos.
Paulo Francis começou no teatro como ator e diretor, depois foi crítico de teatro e chegou ao jornalismo político no Pasquim – do qual foi fundador. Passou pelos jornais Folha de S. Paulo, ‘Estadão’ e O Globo, com uma página semanal enviada de Nova York, onde morou por 25 anos. Foi uma atração, com Nelson Motta, no programa de televisão Manhattan Connection, de grande audiência na TV por assinatura. Este notável intelectual, romancista, fez oposição aos militares, mas sempre combateu o comunismo. Nova York o levou a consolidar sua crítica à esquerda brasileira e foi determinante no distanciamento do marxismo de outros intelectuais, como Nelson Motta, que também morou em Nova York.
Foi um morador por vinte e cinco anos, apaixonado por Nova York mas queria voltar ao Brasil, para sua casa no Quitandinha, em Petrópolis para acabar seus dias.
Foi o primeiro a apontar que a Petrobras era um foco de corrupção e privilégios.
Um imerecido silêncio sobre sua vida e obra se deve a sua evolução para a democracia capitalista, que abraçou em seus anos de Nova York. Neste ano, aos 25 anos de sua morte, há um constrangedor silêncio da mídia brasileira.
Publicado em : Diário de Petropolis 21/08/22