Na política, como na vida e no esporte, o importante é participar, conquistar respeito, prestígio e condições de continuar a lutar pelo melhor.
O Rio mais tradicional teve numa jovem candidata à vereança um vento positivo para tirar da apatia um grupo que já foi elite e acabou abandonando seus deveres cívicos. Não pode reclamar da política e dos políticos quem não vota ou quem não se faz representar.
Antonia Leite Barbosa, que chegou aos oito mil votos, ficou na primeira suplência de seu partido. No entanto, foi uma das cinco mais votadas nas zonas eleitorais da Zona Sul do Rio. Sua proposta não era paroquial, mas sim da volta à política de pessoas devotadas às boas causas, independentes, sem nada pedir, querer ou precisar, senão de um instrumento para fazer o bem – no caso, o mandato.
Esta jovem há muito vinha revelando sua personalidade realizadora. Como integrante da diretoria do Jockey Club, foi ativa na consolidação da excelente sede da Lagoa, ouvindo e encaminhando as sugestões dos frequentadores, especialmente das mães que ali levam seus filhos menores.
Antes, já havia publicado um precioso livro sobre a trajetória de seu avô paterno, Marcelo Leite Barbosa, o homem que modernizou e democratizou o mercado de capitais no Brasil, a partir do Rio de Janeiro, mestre desta geração que hoje domina o mercado. Carrega no sangue o que de melhor serviu ao Brasil nas artes – é sobrinha-bisneta de Maria Martins – e nos meios jurídicos – como bisneta do ministro Ranulpho Bocayuva Cunha. Ainda é sobrinha-neta do deputado Bocayuva Cunha e neta de Henrique Mindlin, grande referência de nossa arquitetura moderna. A mãe é uma personalidade de cultura e elegância no Rio e o pai foi um colecionador de arte admirado. Enfim, entra na política com a responsabilidade de dar continuidade a uma tradição de família de bem representar nossa elite, com sensibilidade social, simplicidade e elegância. Que venham mais jovens com esta formação, pois temos de ter uma democracia plural não só nos partidos e pensamento, mas também na representação dos grupos que formam a nossa sociedade, na origem social, racial, religiosa.
Foi uma bonita mobilização, uma campanha exemplar. Ainda assim, como disse a ela, não pude lhe dar meu voto, apenas minha torcida, uma vez que ela escolheu uma legenda de bons quadros políticos, mas com marcas ideológicas mais à esquerda, que não me daria conforto votar.
Só podemos desejar que ela não abandone a política e que o novo prefeito tenha sensibilidade para aproveitar logo essa estrela, jovem e sadia, da política da nossa cidade, que precisa de tudo o que Antonia representa de ética, educação, solidariedade, dedicação e idealismo.
Orgulho da mãe, Antonia certamente está recebendo as bênçãos do pai, que infelizmente não está entre nós para ver a revelação da filha. Mas ele já sabia da joia que Deus lhe deu.