Apesar do longo período de influência esquerdista na área rural brasileira, com invasões de terras, atos de vandalismo e criminosos impunes, nas últimas décadas o agronegócio se tornou responsável pela sustentação da economia brasileira. A próxima safra, por exemplo, terá uma produção estimada em 240 milhões de toneladas, com larga concentração em milho (100 milhões) e soja (120 milhões), além da recuperação na qualidade e preços do café, cujo setor começa a agregar valor ao produto.
A próxima safra de soja vai se beneficiar de menores custos em função do término da estrada que liga o Mato Grosso aos portos amazônicos, em construção há décadas e que ficava intransitável de dezembro a março. Esta foi a prioridade do presidente Bolsonaro, que, desde maio, trabalha 24 horas por dia para a entrega, finalmente, em dezembro, antes das chuvas. A economia no frete deve ficar em cerca de 30%.
Na pecuária, o Brasil continua entre os três maiores do mundo no bovino, suíno e avícola. Este ano o suíno vem obtendo ganhos expressivos em função de problemas na China com a produção local. A JBS, maior do setor nos país, que esteve envolvida em escândalos ligados aos governos do PT e ao ex-presidente Temer, continua líder e é a segunda nos EUA, onde possui dezenas de frigoríficos espalhados pelo grande país.
A fruticultura moderna está presente nos principais mercados, especialmente na União Europeia, compradora de mamão, manga, limão, melão, goiaba, banana e uvas, principalmente. A região do Vale do São Francisco, no Nordeste, tem o Projeto Nilo Coelho, em Pernambuco e Bahia e em Minas, o Projeto Jaíba, de irrigação, que permite duas safras anuais, em área ensolarada e sem problemas de pragas. Como no caso da estrada da soja, que ficou parada desde o final do regime militar, o projeto de irrigação nestes 30 anos avançou menos de 10%. Foi iniciado nos anos 1980 pelo então governador de Pernambuco, Nilo Coelho. A empresa portuguesa Dão Sul está presente numa associação na área vinícola, com gaúchos da Miolo, e consta que os resultados são positivos. O valor movimentado no ano passado girou próximo dos três mil milhões de Euros.
O Projeto Jaíba, em Minas, produz cerca de 250 mil toneladas de frutas, com significativa presença de japoneses e seus descendentes, mas o do Nordeste já chega a 800 mil toneladas, com parte significativa exportada por via aérea.
Mesmo num ano ruim, o suco de laranja exporta nesta safra um milhão de toneladas e uma receita de cerca de 400 milhões de Euros, o que é uma receita considerável. Na área da fruticultura, o Brasil é o terceiro produtor mundial, abaixo da China e da Índia e acima dos EUA e Argentina.
A ministra da Agricultura, Teresa Cristina, é de uma tradicional família de Mato Grosso ligada à pecuária e à política. Seu avô, Correia da Costa, foi governador e senador e ela mesma é pecuarista e detentora de mandato de deputada. É reconhecida como um dos bons quadros do atual governo e pode prestigiar os programas de irrigação que foram abandonados.
O Brasil é forte, apesar de crises na política e na gestão pública pela força do setor privado pouco regulado. Na agricultura, as intervenções são relativas e as linhas de crédito se mostram inalteradas pela força política do setor na maioria dos estados. No mais, começou o desmonte da burocracia e das barreiras ao investimento.