Não fosse o Brasil um país surpreendente, imprevisível, cheio de contradições, seria inédita a situação política e econômica que vive. Escapou de uma escalada de corrupção e de falência econômica, fruto de políticas socialistas bolivarianas – muito distante das europeias – e teve um governo de transição positivo, não fosse o então presidente Temer imprudente em manter ligações estreitas com companheiros de um passado nebuloso. Dois de seus ministros estão presos e outros dois já foram presos e podem voltar à cadeia a qualquer momento. Além do próprio Temer, com duas entradas na prisão desde que deixou o governo. Mas segurou a economia e promoveu tímidas reformas, sendo a laboral a mais importante.
Depois foi uma surpreendente manifestação popular, que deu 58 milhões de votos a um candidato independente – o partido que usou era inexpressível –, o presidente Jair Bolsonaro, com um discurso liberal na economia, rigoroso nos costumes e comprometido com o combate à corrupção. Tudo para a economia reagir, o desemprego de 14 milhões de trabalhadores cair. Mas nada disso tem acontecido.
Falta comando político, sobram intrigas internas e públicas, imprevisível a aprovação da reforma da previdência, sem a qual o país entra em colapso, pois o déficit é imenso. O cálculo atuarial foi feito quando a vida média do brasileiro era de 57 anos e, hoje, é de 75. No mais, os 15% das reformas , acima do equivalente a três mil euros consome mais da metade dos recursos. Conta que não fecha, evidentemente.
Mas as safras agrícolas continuam a crescer, o agronegócio está entre os mais importantes do mundo – é o segundo produtor mundial de soja, primeiro de carne bovina, suína e avícola. O café está voltando a um bom momento e o petróleo, atendendo ao mercado interno, em torno de dois milhões de barris por dia. A indústria patina, com grande capacidade ociosa e o comércio estagnado como consequência do desemprego e das incertezas quanto ao futuro. Os bancos estão lucrando, mas o Brasil é o segundo maior spread de juros do mundo. Eles pagam cerca de 7% de juros anuais e cobram acima de 100%. O motivo são leis que protegem os inadimplentes, além dos créditos perdidos em operações com a Venezuela, Cuba, Angola e outros países de governos socialistas, contemplados pelos anos do PT de Lula.
A mídia atravessa crise. A revista Veja e o Grupo Abril foram vendidos por um real, sendo que a revista semanal chegou a ter uma tiragem próxima a um milhão de exemplares. Muitas revistas do grupo foram fechadas. Nos últimos anos, deixaram de circular jornais tradicionais como Jornal do Brasil. O poderoso Grupo O Globo tem demitido muitos de suas estrelas na televisão e já não apresenta os resultados do passado. O Rio só tem quatro jornais, os do Infoglobo – O Globo e os populares Extra e Expresso – e o tradicional O Dia, independente.
Decorridos quase cinco meses de governo liberal, há muitas iniciativas positivas. Tais como: baixa de tarifa de importação, desburocratização, isenção do visto para turistas americanos, canadenses, japoneses e australianos, que era uma aberração, diminuição da violência urbana e liberação do porte e propriedade de armas de defesa pessoal, caça e colecionadores – o que foi de acordo com manifestação popular em referendum há mais de dez anos e até aqui não regulamentado.
O presidente Trump enviou mensagem ao Congresso americano, propondo o Brasil ser elevado a parceiro especial fora da OTAN, que, na America Latina, a Argentina é a única nação a ter este tratamento especial. Também estão evoluindo os acordos com Israel para uso de tecnologia israelense no combate à seca do nordeste brasileiro, o que poderá vir a ser uma marca histórica neste governo. O audacioso e custoso projeto de transposição do Rio São Francisco, obra inacabada dos anos Lula, está com dificuldades operacionais e depende de um rio que vem tendo problemas na sua vazão de água.
Assim vai o Brasil, ainda sob forte e injusta campanha negativa na imprensa mundial, de clara inspiração nas esquerdas brasileiras.