Impressiona que as grandes empresas, a começar pelas multinacionais, não estejam acompanhando com um mínimo de preocupação o processo para provocar um caos social, incitando a insatisfação popular, com agressão aos valores da história e da cultura dos povos. E isso em todos os recantos do mundo, visando uma implosão do capitalismo.
Enquanto isso, o capitalismo se acomoda diante de um grande avanço dos impostos, fruto do crescimento desproporcional do tamanho do Estado, inclusive, hoje, muitas vezes com salários superiores ao setor privado, ao contrário do que ocorria a poucas décadas atrás. Passa-se a ter uma vida cigana, fugindo da fúria fiscal e da legislação laboral, que, em muitos casos, torna a função de empregador de alto risco. Esquecem, porém, que deixam um rastro de dramas sociais quando sociedades supostamente maduras se tornam presas fáceis do projeto totalitário pela via eleitoral, em função das altas taxas de desemprego.
Valores tradicionais são sucessivamente corroídos, a começar pelas famílias, alimentando uma nova postura nas relações familiares com as novas gerações. Para facilitar esta tarefa, as religiões são minadas pelo rótulo de defensoras de uma sociedade retrógrada. Ainda há, para completar, a campanha sistemática contra empresários, apresentados como um bando de sonegadores, fraudadores e corruptores.
O sistema bancário está desmoralizado, sem a confiança dos detentores de poupanças em ativos financeiros e sem sigilo bancário, que só deveria ser quebrado face a processos fiscais ou criminais. A política de juros zero desestimula a poupança e favorece perigosas bolhas nos mercados acionário e imobiliário, opções mais atrativas para o poupador, até a primeira crise. E, numa total irresponsabilidade, os bancos criaram custos aos governos superiores aos gastos com a saúde pública, por exemplo. Não existem bancos sem problemas e, no final, são os governos que assumem os prejuízos. Mas é sempre bom lembrar: governo não tem dinheiro; os recursos são todos oriundos dos impostos pagos pela população. Por isso, não param de aumentar impostos para socorrer bancos, pagar altos salários aos funcionários e empregar gente demais.
O forte endividamento de países e de empresas de grande porte formam um conjunto altamente explosivo. Alguns países, como a Grécia, não demonstram nenhuma vontade de pagar, apenas de rolar indefinidamente e sustentar a dívida que ultrapassa o Produto Interno Bruto (PIB). A austeridade é criticada, quando não ridicularizada, sempre com objetivos eleitorais, seja da esquerda irresponsável ou do populismo inconsequente e que veste a camisa ultrapassada do nacionalismo.
Na área política, a falta de articulação chega às raias do inacreditável. Países, como a Espanha, promovem campanhas revanchistas, eivadas de ódio, que minam uma monarquia constitucional que foi levada pelo General Franco para manter o país uno e livre. Agora, a maioria de esquerda tenta influir em assuntos privativos da Coroa. Nem os mortos são respeitados e uma mesquinharia mudança de nomes de ruas e prédios públicos deveria de envergonhar o país. Gostem ou não de Napoleão, Franco, Salazar, os militares nos países da América Latina, eles fazem parte da história e contam com admiradores – apesar de estes não se dedicarem à militância estéril da pregação ideológica, quase sempre alimentada com recursos públicos. Apurar os crimes e prisões políticas no tempo da União Soviética, nem pensar. Muito menos criticar o regime cubano. Omissão e covardia que ainda podem custar caro à burguesia capitalista.
A imprensa internacional, em nome da democracia, bate forte quando a voz das urnas contraria o que julga ser o politicamente correto. E chovem críticas ao eleitorado de países como Áustria, Itália, Hungria Croacia e Polônia, que, segundo insinuam, votam mal. Sem falar na desonesta má vontade com o presidente Trump, dos EUA, e a tolerância com os absurdos dos bolivarianos da América Latina, totalitários e sem resultados. Silêncio ainda em relação a governantes apanhados em delitos, como as ex-presidentes da Argentina, do Chile e do Brasil.
O consenso entre economistas, inclusive nas instituições internacionais – como FMI, Banco Europeu, Banco Mundial e OCDE –, é que o progresso está presente nos países de economia mais aberta, menos controlada e regulamentadas. O recomendável, portanto, é que o foco esteja na facilidade de empregar, demitir e investir, na simplificação de impostos e no estímulo à poupança. Mas os políticos fazem diferente, enganando o povo em busca do voto fácil. No final do processo, a explosão social cuidará de acabar com o Estado e as empresas.
Por fim, mas não menos importante, querem tornar os militares cidadãos eunucos, indiferentes aos destinos das nações. O ódio a eles se justifica com as derrotas do comunismo em Portugal, onde Salazar foi apoiado pelos militares, na Espanha, com a vitória de Franco, e na França, com a volta de De Gaulle para colocar o país em ordem. Já na América Latina, os militares impediram o avanço comunista no Chile, Brasil, Argentina, Paraguai e no Uruguai. Apesar de ainda terem a confiança da população de muitos países, os militares não possuem mais a união que os tornava um verdadeiro poder moderador diante da desordem.
Hoje, o capitalismo no chamado mundo ocidental depende da tomada de consciência de que o ideário soviético sobrevive e quer dominar o mundo. E sem dar um tiro sequer. Mas cobrando impostos abusivos, para uso político e acabando com o lucro e os rendimentos de capital.