O Brasil vive o momento mais grave de sua história. Por ser uma democracia completa, com as instituições nacionais funcionando, mas pagando um preço muito alto no econômico e no social, com quase 14 milhões de desempregados.
Francisco Campos foi um notável jurista e político do século passado, ministro de Getulio Vargas e que tinha o grande estadista Francisco Negrão de Lima como seu lugar-tenente. Ele advertia que países como o Brasil precisavam dosar com bom senso e equilíbrio a democracia para que não se perdesse a noção da autoridade, dos limites e da responsabilidade diante dos reais interesses nacionais. Aliás, o político Armando Falcão, que foi líder do governo Juscelino na Câmara e depois ministro do General Geisel, dizia que o Brasil deveria ter uma democracia relativa, ,
A ampla liberdade, com o direito de interromper o trânsito em estradas, greves afetando o abastecimento das casas e a segurança dos hospitais é uma questão elitista, de abastados intelectuais ou pseudointelectuais e burgueses irresponsáveis. O trabalhador quer mesmo é emprego, bons serviços públicos na educação e na saúde e segurança para viver em paz.
Os militares ficaram 21 anos no poder, com a tal democracia relativa, com erros desnecessários como censura, o Congresso sofrendo perdas de mandato no início e por duas outras oportunidades. Mas a economia cresceu, pois, na ocasião da queda de Goulart, o Brasil era a 46º economia mundial e, quando passaram o poder aos políticos, o país já ocupava a oitava posição. Hoje, com as perdas do Real, talvez, esteja em décimo lugar. As despesas não podiam ser criadas por lei sem receita.
O regime, depois de debelar os chamados movimentos armados, promoveu a redemocratização, com uma ampla anistia recíproca. Ou seja, apagaram os eventuais excessos das forças de segurança e os crimes dos guerrilheiros urbanos, que sequestraram embaixadores, como os dos EUA, Suíça, Alemanha, e o cônsul do Japão em São Paulo, em troca de presos políticos, e ainda arrecadavam recursos assaltando bancos.
Hoje, depois do impedimento da presidente Dilma, o presidente Temer governa com boas ideias e maus auxiliares – muitos membros de sua primeira equipe estão presos. A economia vem resistindo, mas está esgotada com as greves, a perda de quadros respeitados.
Algo certamente acontecerá; o país é grande, tem uma classe média forte, uma das agriculturas mais modernas do mundo – este ano, a safra de grãos passa de 200 milhões de toneladas. Seria uma pena entrar numa crise de poder que possa atender aos defensores do bolivarianismo, uma espécie de comunismo tropical, criado pelo Coronel Chávez.