Muita gente ouve falar em Adhemar de Barros, o político que governou São Paulo por três vezes, foi prefeito da capital e disputou duas vezes a Presidência da República. Nascido rico, casou e foi velado na mesma casa, no bairro de Higienópolis. Mas a turma da calúnia e da inveja tanto fez que ele ficou famoso também por ter feito uma “caixinha” com dinheiro de empreiteiros para financiar suas campanhas. Hoje, estaria respondendo em algum juizado de pequenas causas.
No entanto, uma marca deste político de prestígio popular era a visão para realizar grandes obras, essenciais para que São Paulo ganhasse a liderança na economia nacional. Estradas de primeira, ferrovia reformada, agricultura diversificada, hospital das Clínicas e muitos outros. Criou a USP e a prestigiou em seus mandatos. Antes dele, São Paulo plantava café e criava gado.
Adhemar tinha prestígio nacional, mas achou, em 1950, que Getulio Vargas poderia voltar e foi ao Rio Grande apresentar seu apoio e indicou o vice, Café Filho. Getulio prometeu retribuir o apoio em 1955, na sua sucessão. O 24 de agosto trágico marcou a mudança nos rumos da eleição, que elegeu JK-Jango. Mas o vice de Adhemar foi o deputado Danton Coelho, a quem Getulio dedicou a frase “amigo certo nas horas incertas”, querendo, desta maneira, honrar o compromisso do companheiro. Outro apoio significativo vindo do PTB, e da real vontade de Getulio, foi o senador Caiado de Castro, um general do Exército, que foi chefe da Casa Militar de Vargas até o último minuto e que se elegera senador pelo então Distrito Federal.
Homem inteligente e preparado, Adhemar era médico formado no Rio e com cursos complementares na Alemanha e na França. Bom empresário, sofreu com a incompreensão da elite paulista (a qual pertencia pelo nascimento), que preferiu jogar o Brasil na aventura janista e teve a ingratidão da Revolução de 64, a qual deu importante e decisivo apoio desde o início das articulações para a derrubada de Goulart.
Morreu muito jovem, aos 66 anos, na França, onde foi consultar médicos e pedir a intercessão de Nossa Senhora de Lourdes, rezando na famosa gruta da aparição. Era místico, ajudou muito na construção da antiga Basílica de N. S. da Aparecida, muito ligado que era a todo o Vale do Paraíba.
Adhemar foi o primeiro político a usar frases de efeito na sua publicidade, tais como: “Para a frente e para o alto”; “Fé em Deus e pé na tábua”; “Desta vez, vamos” –esta cunhada na segunda tentativa de chegar à Presidência.