A pauta nacional não pode ser política. Vivemos um bom momento democrático, instituições funcionando, logo, os ajustes na legislação devem ser pontuais e de consenso. Sem, é claro, tirar o foco da crise na economia, que é o que realmente importa neste momento.
O próprio governo acabou se deixando levar pela discussão estéril das acusações e perdeu uma boa oportunidade ao não abortar na hora a crise envolvendo dois ministros, um denunciante e outro denunciado. A sociedade pedia uma virada de página e não um ato político menor.
São urgentes as reformas que podem atrair investimentos pela confiabilidade nas contas públicas. E precisam ser realistas. Quem investe e emprega é o capitalista e este não deve ser hostilizado. A nova proposta de repatriamento de recursos deveria ser mais atraente do que a anterior, elaborada no governo petista. No entanto, o imposto é maior. Quanto aos políticos, os que não estiverem respondendo a processos, não deveriam ser discriminados. Quem não pode ser beneficiado é quem tem contas a ajustar com a Justiça, seja político ou não.
Projetos geradores de emprego, como o que reabre o jogo para o setor privado, com estimativa de mais de 150 mil empregos, diretos, devem ser objetivos e não incompletos. O turfe brasileiro, que, mesmo em crise, gera cem mil empregos nos quatro estados em que funciona, está prejudicado na atual proposta que lhes confere número insuficiente de máquinas em suas sedes, local naturalmente prioritário para a modalidade.
A harmonia entre poderes é fundamental. Não é aceitável que o Congresso tenha aprovado, no passado, a cláusula de barreira e, posteriormente, o Judiciário ter derrubado a medida. Aliás, a mesma, hoje, é consagrada por todos.
Causa espécie a imobilidade do Executivo e do próprio Legislativo em fixar norma clara e inquestionável de que os salários têm um teto a ser respeitado. A Nação está perplexa com a revelação de salários de cem mil reais no setor público, sem uma medida emergencial, prioritária, para conter o abuso.
Faz falta um Conselho de Notáveis, que, na verdade, deveria ser o Ministério e as lideranças políticas mais respeitadas. No Parlamento, temos referências que enobreceriam a classe política e contribuiriam para reabilitá-la, se colocados em posição de real destaque: no Senado, Cristovan Buarque e, na Câmara, Bonifácio Andrada. Ambos são acima de suspeitas, unânimes no respeito de seus pares e da população. Mas, não sendo dos conchavos, nem são lembrados. Uma pena!